Em
uma época tão avançada como é a que vivemos nos dias atuais.
Que a ciência já está tão evoluída nas áreas da robótica e da cibernética. Da biomecânica e da tecnologia em geral...
Que a ciência já está tão evoluída nas áreas da robótica e da cibernética. Da biomecânica e da tecnologia em geral...
O
sonho de construir uma armadura perfeita, como aquela que possuía
aquele velho homem de Ferro das historinhas. Já faz muito tempo que
deixou de ser uma simples ideia impossível. Ou de simples ficção.
Alguns
verdadeiros gênios, já faz muitos séculos que conquistaram o
direito de andar por aí vestidos como verdadeiros paladinos de aço.
Que
por causa dessa tecnologia tão avançada, possuem as mais incríveis
capacidades e poderes.
Os
quais em um longínquo passado remoto só se podia sonhar em ver.
Resistência
ao extremo calor, ao frio e até ao vácuo do espaço.
A
força de tração e mecânica, tão grande quanto maquinário pesado
como guinchos e guindastes.
Visão
de raio x, microscópica, infravermelha e visão noturna ou
binocular.
E
alguns perfeitamente dotados da capacidade de voo e de aceleração
parecida com os aviões do passado.
O
JOMIR era o robô armadura do meu amigo o Alinsom. E ficava muito
tempo em funcionamento por agora, nesta época do ano. Porque ele
tava se preparando para se apresentar naquelas feiras de tecnologia
que seriam realizadas nas exposições pela cidade.
No
fundo ele era um tremendo inzibido, com aquela tecnologia toda que
ele fazia tanta questão de usar e mostrar com todo orgulho pra todo
mundo. Claro ele não fazia nada de ilegal com ela...
Afinal
ser inteligente e ser metidinho por enquanto ainda não é
nenhum
crime pelo que eu saiba.
Mas
desta vez o JOMIR chegou na hora mais que oportuna!
Ah,
antes que eu esqueça JOMIR é uma sigla ta.
Joia
Máxima da Inteligência Robótica. É como foi batizado o protótipo
de armadura utilizada pelo Alinsom.
Tinha
acontecido uma discussão tremenda entre aquelas duas mulheres,
porque uma estava com ciúmes do marido ca outra, Foi barraco!
Nem
sei o que rolou entre o marido dela e a menina lá...
Ela
veio até a cerca viva de madeiras e arame e as trepadeiras de
ramadas verdes. Xingou que xingou. Esbravejou e ofendeu todo mundo.
Claro
que a moça não iria mesmo ficar quieta né. Nem podia.
Xingou também a mulher de
volta e virou aquele bate boca da pêga. Depois de um tempo a mulher
se foi e parecia que tudo voltara à paz de sempre. Mas qual nada,
era só pura ilusão não é?
Essa
mulher voltou foi brava, com uma tocha acesa na mão e danou de pôr
fogo nos matinhos em volta do terreno perto da cerca.
Começou
a sair muita fumaça branca das braquiárias e as outras plantas que
estavam sendo queimadas pela descompensada mulher.
Quando
notamos aquela fumaceira toda e viemos olhar, as chamas já iam
lambendo à grande altura. Já tava pegando fogo na cerca e aquela
fumaceira toda me ardia nos olhos e no nariz. Impedindo de respirar.
Bateu
aquele desespero porque a fumaça e as chamas do incêndio iam
invadir as casas e logo estariam tão grandes que a gente não ia
poder controlar mais.
Todo mundo veio correndo,
juntou baldes e bacias de tudo quanto era tamanho e enchemos de água.
Fomos
jogando água e molhando a cerca e os matos. E ainda meio que se
controlou o fogo.
Porque o capim não tava muito
seco e demorou uma data para queimar em muitos lugares.
Mas
enquanto a gente apagou naquele lado, aquela mulher diabólica já
estava lá num outro lote, tentando queimar tudo ali também...
Ficamos cansados, tossindo e
suando muito para apagar o primeiro início do incêndio, e ela já
arrumou um outro fogo bem maior.
Daquele
lado o fogaréu estava bem pior. Muito mais alto pois tinha um montão
de madeiras e o fogo já ameaçava chegar até a casa...
Fizemos
tudo o que pudemos, e jogamos água até muito além do limite de
todas as nossas forças.
Quando
tudo parecia que estaria mesmo perdido chega aí o JOMIR de surpresa
aparecendo. Foi praticamente em cima da hora!
Pegou
seu extintor de incêndios e mandou tudo que pôde lá nos focos
maiores do fogaréu enquanto andava pelo meio das chamas.
E
a gente mandando a água nos dez focos menores feito uns loucos.
Com seu potente sistema de som
ele orientava bem aonde a gente devia jogar a água e apagar todos os
focos pequenos.
Porque os rastreadores e os
sensores de calor do robô faziam ficar claro aonde as chama não
haviam sido debeladas.
Quando a gente ainda pensava
em comemorar que o susto maior passou, ainda pude ver aquela mulher
de sorriso sádico e escarninho indo colocar fogo com aquela sua
tocha,
no terceiro lado da cerca que
ela ainda não tinha queimado...
Pela crueldade daquele olhar
eu logo notei que ela estava louquinha de ódio e maldade. E uma
alegria cruel e selvagem a impelia a tentar se vingar botando fogo
ali ao redor e tentando fazer pegar nas cercas e até na casa. Pra
afogar a gente com a fumaça ou nos cozinhar vivos.
Mesmo
tendo visto, parecia difícil de se acreditar...
Quanta maldade e ódio a alma
humana era capaz de conter!
O que ela queria era matar
todo mundo, queimado ou afogado nas fumaças!
E o novo fogo agora se
alastrou muito mais depressa do que daquela primeira vez.
Parecia que o mato estava bem
mais seco, e o vento ajudou ainda mais a espalhar as chamas. Foi pior
pra gente lutar contra tanto fogo.
E mesmo com a ajuda de JOMIR
parecia que a gente ia perder a batalha.
Ela tinha ido embora dando
sonoras gargalhadas, depois de atirar pra longe aquela tocha
assassina.
A gente correu lá e jogamos e
jogamos água e mais água. E fizemos tudo que foi humanamente
possível.
Quase que por um milagre os
ventos de repente pararam e isso fez com que no finzinho do último
instante nós pudéssemos enfim controlar o fogo. Mas sobraram muitas
consequências.
As cercas ficaram
semidestruídas. As árvores, a madeira e até mesmo a casa sofreu
com os efeitos do fogaréu.
Tudo em volta tá queimado, a
gente estava sujo e exaustos.
Mas feliz e agradecidos pela
valiosa ajuda de Jomir.
Não fosse ela e teria
acontecido uma catástrofe.
Entretanto a gente mal tinha
parado para descansar e falar um pouco do caso dos apavorantes
incêndios.
O JOMIR ainda estava vigilante
lá em cima sobrevoando e olhando os restos do atentado.
Veio uma armadura bem maior e
parecendo muito mais equipada e mais forte que se aproximou dele.
Tem sempre alguns caras que
acham que porque têm muito dinheiro, podem fazer tudo que quiser...
De longe já dava pra notar
que aquela armadura havia custado uma pequena fortuna. E era
construída em série por uma equipe em alguma linha de montagem...
Algum laboratório importante
com certeza.
Mas acontece que o piloto não
era propriamente um cidadão capacitado para operar uma máquina
maravilhosa como aquela. Tá na cara!
Igual a um possante fórmula
um! Uma poderosa armadura como aquela não podia e nem devia ser
pilotada por um riquinho qualquer, todo metido. E que não é
capacitado a ter nem sequer um skate.
Também não é por ter grana
pra pagar por uma que você tem o direito de sair com ela pra passear
como quem usa um brinquedinho...
Vendo o JOMIR ali todo
atarefado pra apagar o nosso incêndio.
Aquele panaca mauricinho não
fez absolutamente nada para ajudar e nem quis colaborar conosco. Ao
contrário.
Apenas se limitou a observar a
outra armadura em ação e avaliar de longe cada uma de suas
capacidades.
Só queria saber do que a
outra armadura era capaz...
E agora achou que já podia
atacar traiçoeiramente o JOMIR.
Um ataque gratuito de
surpresa, e covardemente realizado.
Tava na cara que em uma luta
daquelas ele nem teria chances.
O JOMIR seria o Davi pequeno,
contra um Golias gigante.
A estatura daquela possante
armadura era de quatro metros de altura e era enorme também na
largura.
Dava a impressão de ser um
homem super marombado, do tipo daqueles atletas fortões do
fisiculturismo...
Devia ter pelo menos um metro
e oitenta de largura de ombros.
E o corpão todo dava a
impressão de querer dizer “olhem pra mim”, e vejam o quanto eu
sou forte e poderoso.
Ele pegou o JOMIR por um braço
e segurou bem no alto da cabeça com brutalidade. Tentava girar as
juntas da articulação do pescoço. Como se quisesse rodar e
arrancar a cabeça de uma boneca de plástico.
O JOMIR foi pego de surpresa,
mas não ficou parado enquanto aquele robozão abusado tentava
desmontar o seu esqueleto.
Ao contrário, segurou bem
firme a mão do outro e não deixou rodar e nem torcer a sua cabeça.
Mas se deixasse torcer também,
seria o fim para o Alinsom.
O pescoço dele e o da
armadura eram um só e o mesmo pescoço.
E os dois acabariam sendo
quebrados juntos, se a cabeça virasse.
Vendo que não deu para torcer
pela cabeça, ele puxou com raiva e também ela não saiu do lugar
para retirar da armadura...
Parecia a cena de um irmão
maior de 15 anos abusando de um mais novo de 10. E de longe, vendo
daqui do chão onde a gente tava.
Nada podíamos fazer, a não
ser ficar em local seguro e contemplar cheios de revolta aquela luta
desigual.
Eu não sabia ao certo do que
o Alinsom seria capaz de fazer para se defender daquele canalha
mecanizado.
Ele sempre me pareceu ser um
daqueles caras filhinho de papai.
Meio nerd e mauricinho,
metidinho e cheio de frescuras.
Não parecia de forma alguma
um homem de ação. Do tipo decidido e capaz de se envolver numa
briga pra enfrentar e até derrotar um valentão.
A gente vendo tudo aqui de
baixo, torcia pra ele ganhar enquanto os dois lutavam voando a uns 10
metros ou mais de altura.
Na verdade eu tava torcendo
pra ele trazer aquele valentão aqui pra baixo. Eu ia desmontar
aquele monstrengo de metal todinho na paulada.
E o pessoal aqui em volta ia
ajudar heim! As muierada e os caras e até as crianças tavam louco
de raiva e revoltado tanto quanto eu.
Loucos pra pegar e linchar
ele.
Nós ouvimos de repente soar
muito alta, aquela voz bem modulada e que já tínhamos acostumados a
ouvir durante o incêndio.
– Todos vocês se afastem eu
vou me defender desse robô agora.
Eu entendi então que podia
ficar muito perigoso pra gente estar parados ali perto em campo
aberto se o JOMIR lutasse mesmo contra aquela outra máquina do
inferno.
Fui chamando e tirando as
pessoas, as crianças. E saimos para bem longe e nos escondemos atrás
de umas paredes.
Tinha de apressar ao máximo a
retirada.
E pareceu que era só isso
mesmo que o JOMIR estava aguardando.
Segurou mais firme a mão
direita do monstro e puxou a cabeça até se soltar de vez daquelas
garras que pretendiam decapitá-lo.
Pareceu que isso foi até
facinho de fazer. Fiquei até me perguntando porque foi que ele
esperou tanto tempo par se libertar.
Na certa o JOMIR estava
fazendo a análise completa do corpo antes de começar a reagir, só
podia ser mesmo isso!
Vendo que o outro libertou a
cabeça, o robozão puxou das costas uma espécie de barra meio
cilíndrica de quase um metro.
Ela se dividiu em gomos e
soltou inúmeras pernas afiadas, tornou-se uma espécie de lacraia
robô. E se encaixou sobre a cabeça do JOMIR.
Enroscando-se feito uma cobra.
E as patinhas ficavam saindo faisquinhas azuis na armadura. Dando
choques.
Com aquela lacraia na cabeça
o JOMIR começou a puxar fortemente o braço e se soltou da segunda
garra do robozão na marra.
Pegou a lacraia metálica com
a duas mãos e danou de puxar até que finalmente a arrancou do seu
couro ou melhor da sua couraça.
Ela ficou se retorcendo e
soltando luzes laser vermelhas e faíscas tava mexendo as garrinhas
afiadas enquanto o JOMIR a esmagava e ele a transformou em uma bola
de metal prensado...
Mas o robozão enquanto isso
não ficava parado. Se movimentou e das suas costas retirou duas
lâminas de corte de altíssima rotação e as colocou em posição,
para atacar o JOMIR novamente.
Evidentemente queria
desmontá-lo em pedacinhos.
Jomir jogou a lacraia
inutilizada na direção do robozão com toda a força e quando o
atingiu fez um forte amassado no
monstrengo e deixou uma marca
entre o ombro e o cotovelo.
Aquele afundado não fez
grandes estragos naquele colosso.
Velozmente ele veio e passou a
sua lâmina no antebraço do JOMIR um pouco acima do pulso esquerdo.
Isso fez uma chuva de faíscas
igual a fogos em cascata numa festa de fim de ano.
Achei que ia cortar o braço
fora, mas foi incrível. Não fez nenhum arranhão no metal prata.
Parecia ser adamantium ou coisa assim aquela porcaria. Não dava pra
entender.
Não convencido que o ataque
com as lâminas fracassou, ele meteu a outra bem lá na junta do
ombro do JOMIR.
Só que parecia que ele estava
ficando estressado com toda aquela lutinha idiota.
E dando um golpe rapidíssimo
ele arrancou a lâmina do braço com uma violência incrível.
Que fez ela sair dali
projetada como uma bala.
Passou-se raspando por uma
grossa árvore que existia ali perto e arrancou uma enorme lasca
deixando uma fresta em que você podia enxergar até do outro lado
atrás da árvore. Cabia até um braço nela.
Logo o JOMIR estilhaçou o
outro lado que tinha sobrado da serra de alta rotação. Mas o
robozão não se dava por vencido...
Pegou um eletrodo parecido com
um daqueles de solda.
Que emitia uma luz cegante e
soltava inúmeras fagulhas. E tentou passar aquilo pelo corpo do
JOMIR, não se importando muito em que lugar que aquilo poderia
encostar na armadura.
Mas o corpo do JOMIR não era
afetado pela solda e nem pelas faíscas, línguas de fogo e energia
elétrica que escapavam.
Ele ainda lançou um tipo de
laser diretamente sobre o corpo do JOMIR mas também não fez nada do
efeito esperado.
A luz só iridesceu e se
dispersou sem causar maiores estragos.
Vendo que a coisa estava
ficando séria ele pegou um maçarico, mas desta vez o Jomir não
deixou mais ele usar...
Com um movimento rapidíssimo
arrancou da mão dele e atirou para o chão com toda força e o
objeto sumiu.
Foi parar alguns metros
debaixo da terra.
E o JOMIR passando ao ataque
foi para cima do robozão e a primeira coisa que ele fez foi se jogar
em cima do outro robô. Usando um raio laser potente mas fino na
couraça do braço direito.
Isso quase não o afetou
muito, apenas dificultou-lhe os movimentos.
Pude entender que o JOMIR
tentava inutilizar estragando o mínimo possível aquele robozão...
Mas isso porque tinha o
detalhe que havia um ser humano ali dentro daquela máquina do mal.
Não se podia destruir a
armadura, sem que o homem que estava dentro fosse aniquilado junto
com ela.
Atacou também agora, o braço
esquerdo.
Mas o robozão estava de
sobreaviso e o agarrou violentamente num abraço de tamanduá. E o
apertava tentando a todo custo esmagar.
Com aquela sua voz bem
modulada ele nos disse:
– Quando eu descer podem
jogar um pouco de água em nós.
A ordem era bem clara, e a
gente correu em busca dos baldes e das bacias que usamos no incêndio.
E quando voltamos os dois
ainda estavam embolados, mas iam descendo lentamente. Parecia que o
grandão tentava
evitar isso a todo custo. Mas
não conseguia impedir a descida até o solo...
Nós chegamos e já jogamos
muita água. Molhamos os dois robôs por todos os lados, da cabeça
aos pés como se agora fosse nele o incêndio.
Depois disso JOMIR voltou a
mandar que todos nós ficássemos ainda mais longe do que antes a
gente tinha ficado.
Ele agora estava lá parado
bem no meio do terreno aberto.
Ali parecia um tipo de
campinho de terra vermelha e ressecada.
O dia estava ainda bem claro.
E tinha uma poucas e esparsas nuvens no céu ainda bem azulado.
Mas de repente o JOMIR começou
a brilhar e a atrair partículas. A ficar muito fosforescente, sei
lá. Estava todo ionizado.
De súbito caíram uns raios
sabe lá vindos de onde no céu.
Como se o JOMIR tivesse ligado
para raios bem no meios de uma tempestade.
Veio uns raios coloridos em
rosa, laranjado, azul, verde e brancos.
Rasgando o ar com um barulho
ensurdecedor.
E todo mundo que tava perto di
mim fugiu correndo, como uns loucos desesperados.
Mas eu simplesmente não podia
me mexer dali.
Ficava olhando as descargas
totalmente fascinado. E eu tinha a perfeita noção que cada cor
diferente de raio equivalia a uma diferença de voltagem das suas
descargas de eletricidade.
Não tinha nenhum daqueles
raios que tivesse menos do que talvez 3 milhões de volts, mas a
maioria chega aos 5 milhões.
E era o robozão quem recebia
toda aquela carga de
energias na sua cabeça e por
todo o corpo. Ele não tremia nem esboçava reação.
Parecia ter se travado
segurando o JOMIR como um carrapato que se prende mesmo após ter
sodo dedetizado.
E os raios caiam e ofuscava
até a vista eu olhar. Mas notei que o JOMIR continuava cortando a
armadura do inimigo em muitos pontos e em vários pequenos lugares
com o seu laser.
Enquanto isso atraia toda a
chuva de raios sobre ele.
De muito longe era visível
aquela dança de raios e fogo no céu.
Porém quando se encerrou o
JOMIR estava lá impávido
E o robozão já não era
capaz de se mexer e nem de fazer mais nada.
Estava todo travado e
paralisado ao ponto de não ter nem mais energia. Apesar de toda
aquela eletricidade que havia caído sobre sua estrutura de metal.
E começou a se ouvir uma voz
lá de dentro dele. Meio abafada.
– Ei. Me tirem daqui me
ajuda.
O JOMIR mexeu um pouco e logo
abriu uma brecha na armadura. E saiu de lá um rapaz branco com um
sorriso amarelo. Com cara de cachorro que acabou de cair da mudança.
Todo sem graça.
A voz de JOMIR parecia
inflexível. Não havia emoção alguma.
– O que foi que aconteceu?
Por que você me atacou?
– Não fui eu, minha
armadura estava fora de controle
Acho que mudei errado alguma
coisa na programação, sei lá...
Entendo, então foi por isso
que tentou me desmantelar.
– Pensei que ele queria
ganhar um prêmio na feira de robôs e foi por isso que achou que
poderia te eliminar como adversário e competidor.
– Ah feira é só uma droga
de competição. Alguém poderia ter sido destruído quando esta
máquina partiu para cima de mim.
Já disse que não foi culpa
minha... Agora vou ter que chamar a minha equipe e mandar levar de
volta o meu robô. Vou consertar.
Você é quem sabe, boa sorte
então.
Puxa que máquina você tem
eim! Como foi que você conseguiu?
Foi um projeto de meu pai. Eu
aperfeiçoei e construí tudo sozinho. A maioria das peças foi eu
mesmo que fiz.
Nossa que máquina a sua.
Alguma vez já participou de lutas de robôs em alguma arena? Como é
que se chama?
JOMIR. Joia Máxima da
Inteligência Robótica!
Puxa, que legal. Porque eu
nunca ouvi falar de você?
Eu participei da feira só
como demonstração duas vezes...
Agora vou deixar você ai
cuidando da sua máquina.
Há, mas agora máquina era a
maneira de dizer né.
Sucata seria o nome mais
correto para chamar o robozão no atual estado em que se encontrava.
Virou só o refugo.
O processador e as centrais de
dados não prestariam pra mais nada.
E também muitas peças
estavam derretidas e avariadas. Fundidas.
Um equipamento interno
caríssimo agora estava inutilizado e se queimou para sempre. E só
umas poucas peças isoladas iriam poder ser retiradas e se
aproveitaria em alguma outra máquina, mas...
Eu tinha escutado todo aquele
papo furado do carinha.
Tinha visto o que o JOMIR teve
de fazer pra salvar aquele cara.
E agora via com péssimos
olhos a coisa toda.
Você acha que ele fala a
verdade que o robô armadura
dele que tem a culpa porque
realmente deu um defeitinho?
Não sei, acho que não confio
muito...
Tenho certeza JOMIR. Ele te
atacou de propósito, de caso pensado. É um daqueles riquinhos
metidos a besta que faz luta na guerra de robôs. Tenha muito cuidado
com este cara e essa tal equipe deles.
Já tive o pressentimento que
esse sujeitinho não presta
Pra que ele alteraria a
programação de um robô afinal?
E ainda saiu falando que não
era ele que controlava. Mentira dele!
Todo robô tem um botão de
desligamento automático de emergência.
Era só ele desligar e o robô
ia para na hora, sem fazer nada que fosse perigoso pra ninguém...
Sabe que eu não tinha pensado
nisso...
Tou te avisando JOMIR, esse
cara ai não presta. Aposto que ele já deve estar planejando como
fazer pra poder atacar você de novo.
Ele ou algum amiguinho lá
dessa equipe dele. Talvez tente até roubar a sua máquina...
– Também não confio nele.
Soa tudo meio falso.
Sim eu percebi que você não
quis dizer nem seu nome pra ele.
Fez muito bem. Vi que o
olhinho dele brilha de cobiça pelo seu robô.
Sim, também achei estranho,
parecia que ele tava admirando até demais.
E
ainda falou em lutas e aposto que ele tava pensando no JOMIR lutando
nessa tal Arena com algum outro robô. Porque o dele não deu nem pra
saída...
Você talvez devesse chamar a
polícia cibernética não é melhor eim? Não! Nem posso fazer isso,
eles iriam periciar o
meu robô e talvez até
prender por meses. Eu fiz modificações recentes.
Ainda tenho de informar isso e
levar para fazer a inspeção e pedir a autorização. Se eu
denunciar aquele otário, eu vou ficar ainda mais no prejuízo do que
ele...
Eu entendi. Mas aposto que não
vai ser a última vez que ele vai ti arrumar essas encrencas em
JOMIR. Toma cuidado.
É, vou andar de olho mais
aberto de agora em diante.
Nem tenho como agradecer o que
você fez naquele incêndio todo cara.
Se você precisar de mim,
qualquer coisa é só falar.
Valeu, obrigado. Agora vou pro
laboratório fazer uma revisão.
Quero ter certeza de que
aquele combate todo não causou nada.
Eu já tinha entrado até no
meio de um incêndio...
Tá certo então, apareça ai
outra hora.
Logo o JOMIR se perdia na
distância, voando baixo.
Pois é, estou virando fã
desse cara. Se arriscou muito em apagar todo aquele incêndio. Depois
vai e derrota um robô de guerra com o dobro do seu tamanho.
Por falar em incêndio, vou
ter que conversar a sério com aquela desmiolada eim. Que história
foi essa de daquela mulher vim aqui e botar fogo em nós todos, só
porque tá com ciúmes do marido?
Mas isso vai ter que ficar pra
depois. Eu vou lá espionar o besta que era dono daquele robozão.
Putz pensei que o JOMIR fosse até perder aquela luta.
Nunca pensei que o babaquinha
do Alinson fosse capaz de lutar e se defender de um ataque igual ele
fez.
Ele parece meio bichinha tem
hora. Achei que ele ia só apanhar e nem ia reagir... Podia ter só
fugir né.
Ei. Mas espera ai. Cara quanta
gente e quanta máquina só
para ir recolher aquela sucata
de robô.
Epa, ô, cadê o rasgadão que
a lâmina tinha feito na árvore?
Pegaram a lacraia de metal, e
até já puxaram lá do fundo da terra o maçarico do robozão.
Parecia rápido, rápida e
metódica até demais a tal equipe que ajudava aquele cara. Certeza
absoluta que aquela não era a primeira vez que eles faziam aquele
tipo de limpeza.
Tirando tudo que era vestígio
sem largar a mínima pista para trás.
Eu tava bem escondido e só
filmava a movimentação do grupo..
Com certeza que eu não devia
ser visto ali.
Eles podiam achar bem ruim
serem filmados na sua obra de limpeza e pente fino.
Uma pena que eu não podia me
aproximar demais e ouvir o que que eles tanto conversavam. Teria
adorado ter mais alguma informação.
Mas era claro que estes caras
aqui iam importunar o panaca do Alinson pra fazer contra ele alguma
outra luta de robôs.
O pior é que nem podia usar
agora essas imagens pra denunciar estes criminosos, porque iria
prejudicar o Alinsom.
O mais certo que este malandro
faz agora é se cuidar viu...
E realmente seria muito bom
que o piloto do JOMIR pudesse ver que estranhos pensamentos aquele
riquinho ali estava tendo.
Ainda olhando com pena os
destroços do robozão dele que tava lá esticado na plataforma de
transporte o carinha comentou:
É você ganhou desta vez. Mas
eu ainda vou pegar na curva esse seu protótipo de robozinho, ou
JOMIR.
E até eu já sei quem vai me
ajudar.
Tenho é que falar com o
Shadow imediatamente.