sexta-feira, 9 de setembro de 2016

CAUSOS : HISTORINHAS DA TIA FLORINDA



            OS   TRES  FANTASMAS E OS FIGOS





Teve uma época do passado, faz muito, mas muito tempo mesmo.
Que o mundo parecia ser muito imenso de tão grande que ele era...
Nessa época tudo era sempre muito longe e muito afastado.
As notícias e as novidades eram coisa rara de chegar.
Toda casa era feita de acordo com a vontade e as posses do seu dono.
E as ruas eram muito largas e as estradas sempre usadas em excesso e quase nunca em condição que seria a ideal.
Não havia asfalto nem calçadas, e a chuva deixava lamas e grandes buracos em toda parte.
E o movimento das pessoas e o tempo seco deixavam nos ares a famigerada poeira.
Os animais e os grandes veículos carros de boi e carroças
deixavam nas ruas as suas marcas.
E os bichos de todos os tamanhos deixavam no solo o seu esterco.
A vida era muitíssimo mais animada do que hoje !
Sendo muito menor a quantidade de ruas e estradas .
Elas eram bem mais importantes e mais usadas por maior número de pessoas.
Havia modernas e bonitas casas. E casarões tão antigos. Mas bem antigos e com a aparência da riqueza imensa que no passado
existiu.
Uma bela chacrinha que tinha uma dessas casas era a do
Manoel Ferreira. Um homem muito orgulhoso do pomar que existia em suas fertilíssimas terras.
Tudo que é tipo de planta ou árvore frutífera que alguém pudesse imaginar o Manoel Ferreira tinha lá na sua estância, bem cuidada e dando fruto em seu pomar.
E com tanta fruta que até perdia e desperdiçava.
O Manoel Ferreira colhia para vender, e até presenteava os amigos e os bons vizinhos.
Naquele tempo não era raro como hoje ter Bons Vizinhos.
Mas nem de longe ele conseguia acabar com tanta fartura de cada safra em suas terras.
A esposa do Manoel Ferreira, a dona Solange o ajudava a cuidar e a colher das plantas e frutas tantas e tamanhas que lá havia...
Mas o mundo sempre foi um lugar de inveja e mesquinharias não é ?
Assim como sempre foi e jamais vai deixar de ser o lugar das coisas mais fantásticas acontecerem...
Começou a aparecer que andariam mexendo tarde das noites e altas madrugadas nas coisas do Manoel ferreira...
Racharam suas melancias, chuparam suas laranjas.
Roubaram os seus abacates, as suas goiabas, jabuticabas, suas carambolas.
Mexeram em suas uvas, no jenipapo, na jaca, nas mixiricas, no bananal. No mandiocal, no abacaxi.
No jambo.
E aquilo foi deixando aos pouquinhos o Manoel Ferreira
maluco!
Ele já tinha mesmo um ciúme doentio das suas plantas.
Para se ter uma ideia, ele não permitia nunca que jogassem pedras nem paus nos pés de mangas.
Não se podia derrubar as folhas dos pés de goiaba nem de jambo.
Nem de qualquer outra planta. Ele ficava louco toda vez que via que alguém derrubou as frutas verdes e por isso
ainda impróprias para comer.
Acabava se irritando até com algumas espécies de
passarinhos, como os sanhaços que perfuravam os frutos do mamão quando estavam maduros no pé.
Com essa onda de passarem as cercas e pegarem as frutas sem pedir então!
De tanto ser alvo dos misteriosos larápios e vândalos, com o tempo o Manoel foi ficando ranzinza e mesquinho.
Já não permitia mais que entrassem em suas terras para colher mais nada …
__ Se ninguém mais entrar aqui, não vão mais saber onde estão os pés de frutas maduras e não viriam buscar mais coisa nenhuma . - pensou ele.
Também deixou de levar e convidar as vizinhanças com as delícias nascidas em seu pomar.
A ideia de estar sendo bom e cordial com algum dos invasores que andavam levando prejuízo às suas terras lhe dava vira voltas no estômago.
E para não ser bom com ladrões agora já não era bom com mais ninguém !
Passou a ficar um homem rabugento.
Desconfiando de Deus do vigário e de todo mundo...
Tentou colocar dois cães vindo de longe da fazenda.
Para tomar conta da sua propriedade e essa ideia também não deu certo para variar.
Os cães fugiram e aprontaram bagunças por todo o terreiro. O cachorro maior que era marrom bem escuro fugiu para bagunçar pelas ruas.
Enquanto o cachorro menor que era amarelo foi cavar em meio ao jardim bem cuidado da Dona Solange e destruiu tanta planta que o Manoel Ferreira teve que se livrar dos dois cachorros.
Depois ele pensou em fazer armadilhas ao longo do terreno. Mas iria dar tanto trabalho que logo ele abandonou também essa ideia.
Quanto mais os dias passavam, mais resmungão o Manoel Ferreira ficava. As pessoas jogavam piadinhas para ele sempre que o encontravam na rua ou nos lugares.
__ Cuidado em Manoel, logo vai estar chegando o tempo do caju . E os seus cajueiros dão o melhor caju da região.
E este ano vai dar mais ladrão do que frutos nos pés do seu cajueiro ! Ah ah ah ah
Isso também irritava extremamente o Manoel Ferreira...
Um dos grandes males do mundo é a inveja, um troço que corrói por dentro o coração do ser humano que não sabe resistir a ela.
E um desses grandes invejosos era o vizinho do Manoel Ferreira. O Seu Joaquim Cardoso.
O tempo todo houve sempre alguma desavença entre a raça dos Ferreira e a raça dos Cardoso.
O Manoel Ferreira se casou com dona Solange e o Joaquim Cardoso pretendia ir pedir a mão dela e tinha ficado muito frustrado.
E todas as plantas que ele sabia que o Manoel Ferreira cultivava. O seu Joaquim também tinha e não produziam bem como as do seu rival.
E a mulher do seu Joaquim não era melhor cozinheira e nem doceira do que a dona Solange.
Ou seja, no fundo tudu parecia estar contra ele.
Mas o pior de tudo é que além dele ter a inveja, nunca ele tinha
tido a educação de esconder !
E deitava falatório disso por toda a região.
__ Se as minhas goiabas fossem tão boas como as goiabas
do Manoel Ferreira eu ia fazer a melhor goiabada cascão
que já se viu aqui na redondeza!
Se o meu pasto fosse bom como os pastos do Manoel Ferreira, eu faria o melhor e mais saboroso queijo que já se provou por estas terras !
Se as terras do Manoel Ferreira não fosse o melhor lugar para se plantar os pêssegos, jaca, uva, cana de açúcar, mangas, as laranjas...
Toda aquela inveja que o Seu Joaquim demonstrava, fazia muito o Manoel Ferreira pensar se não era o seu Joaquim quem furtava de noite em suas terras, os frutos do seu tão afamado pomar...
Quem sabe até não foi ele ?
__ Sim, já que nas terras dele nunca dá nada .
Seu Manoel Ferreira mantinha ainda o saudável hábito de nunca, nunca pensar o mal das pessoas.
Mas aquela inveja do Joaquim era demais !
Ele era louco por jabuticaba e o Manoel Ferreira até lhe
fez uma vistosa muda.
Já estava grande com mais de um metro quando o Seu Joaquim levou.
Mas dois dias depois tinha secado !
Aconteceu a mesma coisa com a muda da carambola,
da jaca, das água pomba.
Toda muda viçosa do Joaquim se secava misteriosamente em poucos dias.
A explicação era que alguém naquela casa tinha um bom dum “mau olhado” ! Só podia ser mesmo isso.
Luís Pacheco, também conhecido por “ Luís das onças”
era o sujeito que sem sombra de duvida era o verdadeiro culpado de todos os desgostos e prejuízos que o Manoel Ferreira vinha sofrendo.
Luís das onças tinha um irmão e um primo que eram iguais a ele. Os três tinham “ espírito de porco “ !
José das onças era mais novinho e o primo se chamava Pedro Ortelino.
E o Luís mandava o irmão e o primo trepar no alto das árvores e vasculhar os terrenos do Manoel Ferreira em busca de todo tipo de frutos maduros que os três pudessem ir la comer ou carregar.
Deixavam cascas, sujeiras e marcas por onde passavam.
Mas eram mestres em se esconder, tocaiar i ir a toda parte sem deixar rastros.
Eram uma família simpática e muito conhecida por toda
aquela região.
Num lugarejo feito aquele que não tinha nem lei, aqueles eram os homens certos para caçar os escravos fugidos.
Os bandidos que se escapavam da justiça.
Ou caçar as onças e os pumas selvagens que sempre causavam grandes prejuízos nas fazendas .
Eles cobram um preço até razoável de modo que não era dispendioso contratar os seus serviços.
Num belo dia o dono da venda, pilheriando o Manoel Ferreira sem querer iniciou a crise :
__ Já está chegando os tempos do figo em Manoel Ferreira. Cuidado com os ladrões ! ah ah ah ah ah
Vou querer muitos potes do doce da Dona Solange esse ano.
Manoel ferreira passou três dias remoendo tudo aquilo. Taciturno.
__ Mas que bicho foi que te mordeu homem ? Porque foi
que você agora só anda tão emburrado ? - Dona Solange não o entendia mais.
__ É que agora já chega ! Eu tomei uma decisão...
Mas você decidiu foi o que Manoel ?
E do que está falando ?
__ Eu já disse que chega, mulher. Vou esperar esses ladrões que vem aqui só fazer dano. E eles vão sentir o gosto do chumbinho da minha espingarda .
_Agora que esse homem ficou louco ! - pensou a mulher apavorada.
Mas conhecia muito bem a teimosia do marido.
E não disse coisa alguma nem inquiriu mais nada.
O tempo foi passando e ela comentou com a sua mãe Dona Valquíria que tipo de loucura o seu marido andava querendo fazer...
E fez assim a coisa maios errada que uma pessoa pode fazer.
Contar a terceiros as coisas que acontecem lá em sua casa.
Dona Valquíria até que gostava do seu genro. E tinha sido a vida toda uma mulher bastante discreta.
Mas agora viúva e morando sozinha em sua casa na cidade, se sentia muito só e sem assunto...
Foi ela que não viu mal algum em contar para a sua melhor amiga o que a sua filha havia lhe falado.
Por sua vez a dona Silvia que também não era de falar muito só contou para a sua vizinha a loucura que estava planejando o compadre Manoel Ferreira .
Dona Feliciana também não era de falar muito e contou apenas para a sua irmã Jacinta.
Jacinta também não era de falatórios e só contou para a sua melhor amiga Marialva.
Marialva só contou para a sua prima Jussara.
E essa sim, era uma grandíssima duma fofoqueira.
Espalhou pra quem queria ouvir, que agora o Manoel ia pegar em armas e combater os ladrões.
E montava guarda todas as noites em sua propriedade à espera
e na surdina.
Tal informação não demorou a cair em ouvidos do Luis das
Onças através da esposa dele. Que nem imaginava nada das atividades noturnas pelo pomar dos vizinhos.
O caçador Luis das onças era um homem de ação e ao saber da decisão tomada pelo Manoel Ferreira não se intimidou nem um pouco com isso.
Ele sabia que numa guerra a melhor arma, a verdadeira arma era a informação.
Era importante o mais que tudo, conhecer os pontos fracos do inimigo para poder explorar quando fosse necessário.
Todo mundo na cidade tinha conhecimento das valentias do Manoel Ferreira. Mas sabiam também o quanto que ele morria de medo de coisa do outro mundo.
O Saci Pererê. A Mula Sem Cabeça. O Boi Tatá. O Lobisomem. O Curúm Tum-Tum...
Mas o que ele tinha um medo que se pelava mesmo era de fantasma !
E era nessa fraqueza do adversário que o Luis das Onças resolveu atacar.
Fez muito bem bolado o seu plano, na certeza que iria vingar.
Mandou vigiar muito bem os terrenos do Manoel Ferreira para saber em que época os seus figos estariam maduros.
E queria saber também todos os passos do seu vizinho
Manoel Ferreira. Depois de poucos dias descobriu afinal o que tanto queria se inteirar.
O adversário iria se esconder para vigiar, no alto de um grande pé de cumbarú de onde poderia avistar os seus preciosos figos maduros.
E de lá ia mandar chumbo nas raças dos invasores do seu quintal.
E depois disso os três fizeram muito bem bolada a sua estratégia de ação.
Mandou fazer na casa de um amigo seu que era alfaiate uma fantasia com um lençol muito branco e muito grande, era a sua roupa de fantasma.
E cada um dos três ficou com uma roupa para se fingir de assombração quando chegasse o momento.
O Luis das Onças o José das Onças e o primo Pedro Ortelino.
E logo que descobriram que os figos estavam suculentos e no ponto da colheita. Os três fantasmas foram até lá pregar o maior susto que já se teve notícia na cidade.
O pobre e inocente do Manoel Ferreira reunia toda a sua coragem .   A valentia, e montava guarda durante as suas madrugadas cuidando de seus preciosos figos.
Nessa fria madrugada quando ele estava já entediado e quase caindo de sono. 
Parecia ser uma noite bem comum.
 Com aquela pouca claridade daquela noite .
O ataque planejado pelos meliantes começou a acontecer. De algum lugar que ele não conseguia saber onde Vinham barulhos os mais diversos.
De metais se tinindo e retinindo. Tipo correntes se arrastando .  coisas que caiam e se quebravam como se uma manada de bufalos selvagens estivesse entrando em suas terras. 
E uns gritos :  Aaaaaaúú Aaaaaúúúú Aaaaaaúúú.
 Veio aquela voz tenebrosa gritando :  __ QUANDO NÓIS ÉRAMOS VIVOS !
 De um lugar diferente uma voz ainda mais potente gritou :  __  NÓIS CUMÍAMOS MUITO FIGO !
Mas uma terceira voz daquelas coisas barulhentas de uma outra direção também gritou :  __ AGORA QUE ESTAMOS MORTOS AQUI VÃO OS NOSSOS CORPOS !
 E todas aqueles vozes em coro já se aproximando dos figo começaram a gritar :  __ ALMA DA DIANTEIRA  !  PEGA O MANOEL FERREIRA !
 Do meio do seu esconderijo . O corajoso Manoel Ferreira mal enxergou aqueles três vultos enormes que vinham vindo correndo em sua direção, gritando pelo seu nome . Ele já pulou de sua árvore e correu todo se tremendo pra sua casa.
E nunca mais se pôs em espera pra cuidar de nenhum daqueles pés de fruta que ele continuou cultivando naquele local ...









      F  I  M

quarta-feira, 7 de setembro de 2016

CAUSOS : HISTORINHAS DA TIA FLORINDA


O REI   SAPO




Quando as pessoas dizem que não se deve maltratar os animais .
A gente sempre pensa que é por motivos humanitários ...
Que somos tão superiores a todos os espécimes da natureza que seria um verdadeiro sacrilégio as pessoas abusarem de sua força e de sua superioridade sobre os bichos . Que seriam apenas as pobres vítimas indefesas da má índole da humanidade .
É claro que existem os bichos bons e os bichos ruins segundo a nossa própria visão do mundo .
Por exemplo existe o movimento salvem as baleias . Salvem os golfinhos, ou então salvem os ursos pandas .
Mas ninguém jamais pensaria em concordar com movimento salvem as cascavéis , salvem os escorpiões ou salvem as baratas cascudas ...
A mesma coisa acontece com o animal conhecido popularmente como sapo .
Tidos por muitas pessoas como venenoso e odiado por muitos como sendo um bicho de mau agouro .
Ele é usado em rituais geralmente associados à bruxaria .
A verdade é que quase ninguém respeita o sapo .
Como se não fosse também uma espécie de ser vivo .
E o mais grave é que sapos também são úteis, Cumprem importante
função biológica no seu habitat .
Mas as pessoas desde as mais tenras idades já se acostumaram a maltratar os sapos .
Sem jamais parar pra pensar na sua importante função nos ecossistemas .



o convívio com outras crianças pode até ser saudável.
Mas as vezes serve apenas pra estragar o trabalho de anos de dedicação e educação dada pelos pais.
Foi exatamente o que aconteceu com Marcela...
Quando o seu priminho lucas veio morar num bairro próximo.
Aquele menino era simplesmente terrível!
Briguento, respondão . E barulhento em !
Não parava um segundo quieto. E destruía tudo o que ele via pela frente.
E com que prazer que ele perseguia e maltratava os pobres dos animais. Pegava pra jogar nas pessoas.
Brincava com eles ou simplesmente os torturava e matava como um verdadeiro monstrinho.
Mas espere aí ! Que atire a primeira pedra, alguém que jamais fez artes quando era criança !
É, tem razão... Lucas não era nada de anormal era apenas danado como o era toda e qualquer criança...
A grande verdade é que ele era apaixonado por Marcela.
Aqueles dois se entendiam ! Brincavam por horas e horas e horas e jamais se viu os dois brigarem.
Conversavam sobre todas as coisas.
Como se fossem gente grande.
Mas Lucas acabou por ensinar a Marcela a bagunçar com animais.
Ele ensinou que todo mundo tem medo e nojo dos animais, mas que eles são indefesos. Na sua grande maioria eram totalmente inofensivos
Ela então passou a fazer as mesmas artes do seu primo com tanta perfeição quanto o próprio Lucas.
Pegava agora baratas, ratos e gafanhotos pra jogar nas pessoas. Torturava lagartas e taturanas espetando-as com espinhos.
Mas tomava brocas da sua mãe sempre que fazia essas artes e molecagens.
Mas havia um animal que marcela sempre teve medo. Que talvez pela feiura ou pelo aspecto repugnante, nunca lhe havia sido simpático...
O SAPO! Esse animal Marcela jamais suportou !
E também não entendia como Lucas podia brincar com eles.
Realmente o Lucas adorava.
Soltava-os na água. Assustava as pessoas com eles.
Era um inferno !
Dona ângela falava irritada : _ Lucas vai largar esse sapo menino ! Deixe de ser porco!
Mas aquele garoto não ouvia. Nunca ouvia.
Tava sempre fazendo artes. Dando trabalho.
Apesar das broncas e conselhos da mãe.
De tanto que sua mãe tinha advertido aquele menino até Marcela já sabia que não se devia brincar nem maltratar os sapos.
Bicho aliás que ela nunca parava de ter muito medo.
Lucas por seu lado era alguém que nada temia. Não havia o que o assustasse.
E tentava passar a Marcela toda essa confiança.
E enfim aos poucos ela ia perdendo o medo.
Ao menos não fugia mais desesperada toda vez que via um sapo.
Já os espantava, ou os enxotava corajosamente quando estava bem armada de uma vassoura...
Mas teve uma certa ocasião em que a menina cismou de expulsar um insistente sapo cururu que resistia em ir embora.
Esse pareceu ser um daqueles que sempre apareciam em sua casa.
Porém quando Marcela quis espantá-lo ela ouviu que ele cantava : _ Croak Croak! Eu sou Rei Sapo ! Croak Croak ! Eu daqui, não saio !
E a menina falava : _ Xôooo ! Vai embora sapo ! Que bicho mais chato !
E tres vezes ela tentava expulsar o animal e ele assim respondia: _ Croak Croak ! Eu não sou chato ! Croak croak ! Eu sou o rei sapo ! Croak croak ! Eu daqui não saio.
Daí ela pegava e empurrava o anfíbio até pra fora do quintal. Usando a vassoura.
E quando era assim, pouco depois ele já havia sumido.
Sem que ninguém soubesse pra onde tinha ido.
Dessa forma foi que aconteceu no primeiro dia, quando o sapo apareceu.
No segundo dia o mais três vezes apareceu o sapo conversando. E ela tentou enxotar de sua casa novamente. Com a mesma vassoura da outra vez.
Dizia ela : _ xôoooo Vai embora sapo ! Que bicho mais chato !
_ Croak croak ! Eu não sou chato. Croak croak ! Eu sou o Rei Sapo ! Croak Croak ! Eu daqui não saio !
No terceiro dia lá estava novamente aquele sapo enrugoso e tão feio, já tinha se tornado mai do que in conveniente naquela casa.
Estava lá outra vez quando a menina veio e o enxotou valentemente para o quintal.
_ Xôoooooo ! Vai embora sapo ! Que bicho mais chato.
_ Croak Croak ! Eu não sou chato ! Croak Croak ! Eu sou o Rei Sapo ! Croak Croak ! Eu daqui não saio.
Mas como em geral criança nem pensa no que faz, a menina pegou num pedaço de pau e danou a surrar esse sapo. Ou Rei sapo como ele costumava dizer.
Bateu nele uma vez, bateu e bateu.
E como todo mundo está acostumado a ver, os sapos se enchem de ar e parece que crescem de tamanho.
Só que este mestre sapo que era encantado. Era encantado não só porque falava.
Era encantado também porque quando começou a se inflar parecia que não ia parar mais.
Foi ficando maior e maior. Crescendo e se estufando todo. Até que logo já estava maior do que a criança.
Vendo aquilo tudo a menina ficou foi muito
assustada.
E como toda criança quando se sente com medo, ela correu em busca da proteção de sua mamãe.
Nessa hora ela estava la nos fundos do quintal lavando roupas e ao ver sua filhinha naquele desespero todo perguntou :
_ O que houve minha filha. O que foi ?
_ Me esconde mãe ! Socorro ele está vindo atrás de mim ! Me salve .
Sem entender direito o que estava se passando. A dona teve a ideia de tampar a menina com uma grande bacia que estivera usando ali perto.
E mal acabou de esconder a garota, lá vinha aquele bichão todo enfezado. Andando aos pulos .
A palavra monstro depende muito da perspectiva de quem olha.
Porque pra uma formiguinha um sapo normal seria um monstrão devorador. Enquanto que pra uma pessoa ele não passaria de um bichinho.
Acontece que este Rei Sapo estava maior do que um touro. Qualquer um se assustaria vendo aquilo e chamaria esse bicho de monstro.
E achava que tinha que encontrar a menina...
_ Croak Croak ! Onde está menina que bateu no sapo – perguntou ele com uma voz gravíssima e estranha.
_ Menina foi embora se perdeu no mato ! Disse a mãe aflita, mentindo para salvar a filha.
_ Croak Croak ! Onde está menina que bateu no sapo ? - perguntou o sapão de novo para a mulher.
_ Menina fugiu, foi se esconder no quarto !
Mentiu novamente a mulher para o sapo
_ Croak Croak ! Onde está menina que bateu n o sapo ? - perguntava outra vez o rei sapo para ela.
_ Menina foi pra casa 1! Mora em outro bairro !
- A mulher mentindo cantou para o Rei Sapo pela terceira vez.
E ainda aquele sapão parecia não estar se convencendo...
Depois de olhar muito desconfiado para a pobre mulher assustada.
O sapão deu um pulo e um giro completo, olhando tudo que havia à sua volta.
E então viu aquela bacia enorme ali parada.
E nessa mesma hora a menina soltou um espirro. Fazendo um barulho muito bem escutável lá de seu esconderijo.
O sapão então soube na mesma hora onde havia ficado oculta aquela menina.
E se aproximou do lugar em que ela estava.
Parou e deu três lambidas na bacia .
Então virou as costas enrugosas e saiu pulando devagar e calmamente.
E enquanto se afastava o Rei Sapo se encolhia.
Logo entrou pra dentro do mato e desaparecia.
A mãe preocupada correu lá e tirou aquela baciona de cima da criança.
Mas a menina estava morta lá embaixo.
Dura, pretinha e cheia de formigas...



         F   I   M








domingo, 4 de setembro de 2016

OS DISCOS VOADORES




Eu estava parado em frente de casa, em cima da calçada da casa ao lado.
E reparei que havia no céu uma estranha cintilancia multicor .
Que lembrava bastante as imagens da aurora boreal …
Era tremendamente colorida e parecia ondular como uma bandeira se sacudindo ao sabor do vento .
Intrigado com aquilo, eu fui caminhando ate a esquina da minha rua .
Como que a andar na direção da direção do estranho fenômeno .
No começo tudo parecia se resumir a um estranho aspecto do céu .
Mas logo eu percebi um tipo de halo luminoso iridescente com o nítido formato alongado.
Próprio daqueles tanques de gasolina que costumam ter nos caminhões.
Principalmente as carretas de carga .
A aparência daquela coisa era semimaterial . Mudava o tempo todo de cor .
Quase como se fosse uma enorme bolha de sabão feita em formato cilíndrico .
E suas cores variavam muito pulsando muito em tons de amarelo, laranjado fosforescentes . Rosa claro , vermelho , metal branco prateado. Azul clarinho e até o violeta suave .
Todo o objeto parecia ter saído de um ingênuo conto de fadas .
Devia ter um tamanho de um metro e meio ou dois de comprimento .
Com meio metro de largura . Com as pontas arredondadas , o formato geral do objeto era muito parecido com aquelas capsulas gelatinosas de remédio .
Aquelas que a gente compra na farmácia .
E todo o corpo do objeto parecia brilhar como se estivesse pulsando de dentro para fora . Era um magico jogo de luzes e cores , simplesmente maravilhoso .
E aquelas evoluções que ele fazia … Tornavam no ainda mais inacreditável aos olhos .
Ele rodava em círculos , parecendo estar tentando pegar a própria cauda.
Ao ponto de fazer aparecer quase uma roda luminosa certinha no céu .
Logo depois começou a saltar e cair em cada uma das duas pontas. Como uma ginasta em uma olimpíada .
De modo totalmente inusitado .
Seu movimento transmitia uma estranha sensação de alegria pra mim.
E me dava a impressão de uma criancinha brincando num parquinho totalmente eufórica.
Desenvolvendo uma velocidade incrível que algo da terra nunca vai poder fazer . O cilindro voador se deslocou de um ponto muito afastado no oeste. Ate quase desaparecer na direção do nordeste .
Devia ter feito todo o trajeto em no máximo dois ou três segundos.
Voltando em seguida a parar exatamente no mesmo lugar de antes .
Como se nunca tivesse deixado de estar ali .
Ele cresceu inesperadamente de um tamanho igual a uma garrafinha pequena de refrigerante . Até ficar do tamanho de um enorme caminhão pipa ou um daqueles vagão de trem ferroviário .
Para logo voltar ao tamanho de antes .
Isso foi o que me fez perceber que se tratava de um objeto enorme e sólido.
Mas não pude identificar de que tipo de material que ele devia ser feito .
Quando havia se aproximado mais de onde eu estava , o objeto cilindrico pareceu ter no mínimo meio quilometro de comprimento em seu eixo. Na posição deitado . O eixo longitudinal .
Enquanto parecia ter cento e cinquenta metros de grossura em sentido da sua altura .
Mas pra calcular estava meio difícil porque distancia menor de onde eu estava nunca chegou a ser de menos de um quilômetro e meio .
Mesmo assim eu tinha a nítida impressão de que o cilindro voador estava se mostrando especialmente pra mim .
A sensação de aumentar e diminuir de tamanho era uma ilusão ótica .
Causada pela manobra que ele fazia de se afastar e se aproximar novamente de mim.
Isso fazia ter a visão estranha de que aquele objeto yão magico estava pulsando ou que ele latejava .
Mas eram manobras tão perfeitamente executadas, que era impossível a nossa percepção de que o objeto não tinha a capacidade de crescer e encolher .
Ei parei ali extasiado assistindo as evoluções do cilindro e comecei a andar na direção dele .quase que num gesto automático sem perceber .
Seus movimentos e cores hipnóticas, junto com as emanações de simpatia.
Pareciam estar me chamando . Atraindo irresistivelmente .
Sem conseguir tirar os olhos daquele objeto para nada, com a cara pra cima que nem um louco . Eu andei da esquina da rua da minha casa ate a esquina da rua de baixo .
Ali parei novamente .
Estava olhando pra cima o tempo todo , em pé. Próximo de uma quadra de areia da pracinha .
Foi nessa hora que começaram a chegar outras pessoas atraidas pelo esmo fenômeno que eu e daquela mesma maneira .
Vinham de direções diferentes e apontavam os braços ou os seus dedos para cima. Mostrando a nave uma pras outras .
Enquanto isso, diziam palavras as mais desconexas que eu nem fiz questão de tentar entender .
Apenas me dei conta da presença delas vagamente .
Algumas vezes o cilindro deixava atrás de si um rastro luminoso no céu. Como se espalhasse algum pó de ouro ou largasse um farelo de purpurina por onde passava .
Parecia que ele ia deixando milhares de estrelinhas coloridas dos mais variados tamanhos atrás de si .
Elas ficavam paradas durante algum tempo no mesmo lugar .
Algumas piscando sete ou oito vezes antes de alguma se apagar de vez.
Começava fraquinho e ia ficando forte ate num brilho ofuscante sumir de vez . Algumas pulsavam muito mais tempo do que as outras levavam pra ficar velhas e se apagar .
Pareciam crescer e diminuir de tamanho e ate mudavam radicalmente de cor . Desde as cores mais claras ate as mais escuras do espectro .
Passavam do branco, o azul clarinho, para o violeta. Verde .
Para o vermelho até o marrom e sumiam .
Lembravam um pouco aquele rastro deixado pelo trenó do papai
Noel que se costuma ver naqueles filmes americanos .
Formavam um espetáculo fabuloso pra quem estivesse assistindo .
Com os mais belos jogos de luzes e cores que a gente já tinha visto nas nossas vidas .
Eu tinha caminhado ate a esquina da avenida Guaicurus para olhar o cilindro mais de perto . E acabei me aproximando de duas ou três pessoas que também olhavam pra ele e faziam os mais deslumbrados comentários entre si .
De onde sera que ele veio ? O que sera que ele é ? Como aquilo é bonito !
Foram algumas das frases que eu ouvi dos comentários das pessoas que se aproximavam e vinham apontando o dedo .
Mostrando aquele ovni umas pras outras .
Eu nem cheguei a conversar com nenhuma delas . Curtia meu barato .
Naqueles momentos tudo o que me importava era o cilindro e suas manobras impossíveis .
E agora, como se ele quisesse novamente nos surpreender e intrigar .
Ele começou a soltar uns pequenos objetos bem ao longe .
Na direção do museu José Antônio Pereira , pra onde ele agora tinha se deslocado e ficado la .
Parecia daqui que saiam de uma das pontas do cilindro , um pequeno grupo de seis naves . Uns objetos menores que eram ainda mais iridescentes do que ele.
Saíram voando nas mais diversas direções e tinham um certo halo colorido. Como se cada um tivesse um arco-íris ao seu redor .
Isso dava um aspecto meio fantástico a eles .
De onde eu os via. Eles pareciam pequenas bolhas luminosas de sabão .
Quando eu tinha visto pela primeira vez um halo luminoso no ufo ainda era dia . Apesar de ser um pouco escuro como um dia nublado sei la.
Já quando eu estava na avenida acabou anoitecendo sem que eu nem percebesse .
E agora os objetos pequenos faziam as suas evoluções la para os lados do museu . Já era a noite fechada .
E eu nem tinha sentido o tempo passar de tão alucinado que eu estava .
Aquelas bolhas luminosas voavam com uma incrível velocidade.
Fazendo umas curvas em ângulos retos e agudos que transgrediam todas as leis conhecidas neste planeta .
Tanto da física quanto da mecânica .
Chegavam ao absurdo de parar repentinamente e retornar ao ponto inicial várias vezes. Isso tão depressa que desenhavam riscos fantásticos marcando a sua trajetória no céu escuro …
Subiam e desciam tão rápido que mal se podia perceber que se tratavade um mesmo objeto .
Às vezes paravam imoveis no ar . Daí moviam-se lentamente um pedaço .
Depois retomavam de chofre as suas velocidades supersônicas outra e outra vez .
Um dos movimentos que mais me chamou a atenção , foi um tipo de balançar de folha seca caindo da árvore .
Aquele objeto subiu a uma altura enorme , e depois retornou fazendo um movimento pendular e abrangente.
Que lembrava uma daquelas folhas mortas que caem das árvores num outono gelado .
Achando que eu estava distante demais do palco dos acontecimentos ,
Eu resolvi caminhar até o museu pra ver mais de perto as fantásticas evoluções daqueles filhos menores do cilindro .
Que a essa altura se encontrava parado meio de lado da posição dos aparelho em forma de bolhas .
Como um pai bem orgulhoso a contemplar algum grande feito dos seus filhos .
Quando saí caminhando sozinho na direção do museu por aquela avenida
a rua me pareceu demasiadamente curta .
Mal eu comecei a andar e já me encontrava diante do nosso museu .
Quase como se eu tivesse me teleportado de onde eu estava antes ate la .
Os outros derrotinha la ficaram vendo tudo de longe .
Eu mal cheguei já percebi que era mesmo muito melhor pra ver aquela dança das naves ovnis da minha nova posição .
Os objetos que me parecera ser bolinhas, vistos agora de onde eu estava agora. Mostravam ser de formato discóide .
E deviam ter pelo menos uns quinze metros de comprimento lateral de uma ponta de asa na outra .
Mas de onde eu estava , seu tamanho aparente nunca ultrapassava um metro e meio .
E vez ou outra algum dos objetos se mudava da forma de disco para o formato oval ou totalmente redondo .
Isso acontecia devido ao ângulo de qual gente olhava a nave .
De acordo com os movimentos que executavam .
Eles tinham uns rompantes de movimentação frenética.
E depois voltavam a ficar completamente imoveis outra vez .
Deixavam tênues colinas paradas de gases luminosos.
Ou coloridas nuvens que pulsavam, mudavam de cor as vezes e brilhavam que nem as lâmpadas fluorescentes .
O cilindrão parecia ter resolvido descansar um pouco.
E só se movimentava aos poucos e bastante lentamente .
Em um momento daqueles me veio na mente o filme o segredo do abismo.
Quando um daqueles fiapos de rastros luminosos deixados pelos discos veio flutuando na minha direção .
Eu estiquei o braço para tocar a névoa e constatei assombrado que ela era feita de matéria morna e viscosa. Apesar de ser um tipo de gás .
Sem gorduras .
Me deu a impressão de geleia extradimensional .
Depois de tanto se exibirem daquela forma toda louca por um bom tempo.
Todos os objetos menores começaram a entrar novamente dentro dauele cilindro gigante.
Mas antes que todos eles entrassem , o cilindro afastou-se e foi sumindo .
Seguido de perto por dois ou três deles .
De um modo geral , iam seguindo na direção do aeroporto internacional.
Dava uma impressão tristeza vendo que eles iam de vez embora .
Eu acordei em seguida, ainda confuso e maravilhado com as imagens e os sentimentos que aquela revoada de objetos tinha me proporcionado .
Fiquei um bom tempo rememorando todos aqueles acontecimentos .
Provavelmente as imagens mais incríveis que eu já vi em toda a minha vida .
Pelo menos que eu posso me lembrar nos melhores sonhos e pensamentos que eu já tive .
A acordar eu me sentia tão leve que pensei que estava ate correndo o risco de entrar um pouco em órbita.
E sair voando, flutuando por aí como vi aqueles OVNIS que davam show de voo fazerem . . .








                                                 F I M



quarta-feira, 24 de agosto de 2016

A AMEAÇA DE METAL

Em uma época tão avançada como é a que vivemos nos dias atuais. 
Que a ciência já está tão evoluída nas áreas da robótica e da cibernética. Da biomecânica e da tecnologia em geral...
O sonho de construir uma armadura perfeita, como aquela que possuía aquele velho homem de Ferro das historinhas. Já faz muito tempo que deixou de ser uma simples ideia impossível. Ou de simples ficção.
Alguns verdadeiros gênios, já faz muitos séculos que conquistaram o direito de andar por aí vestidos como verdadeiros paladinos de aço.
Que por causa dessa tecnologia tão avançada, possuem as mais incríveis capacidades e poderes.
Os quais em um longínquo passado remoto só se podia sonhar em ver.
Resistência ao extremo calor, ao frio e até ao vácuo do espaço.
A força de tração e mecânica, tão grande quanto maquinário pesado como guinchos e guindastes.
Visão de raio x, microscópica, infravermelha e visão noturna ou binocular.
E alguns perfeitamente dotados da capacidade de voo e de aceleração parecida com os aviões do passado.
O JOMIR era o robô armadura do meu amigo o Alinsom. E ficava muito tempo em funcionamento por agora, nesta época do ano. Porque ele tava se preparando para se apresentar naquelas feiras de tecnologia que seriam realizadas nas exposições pela cidade.
No fundo ele era um tremendo inzibido, com aquela tecnologia toda que ele fazia tanta questão de usar e mostrar com todo orgulho pra todo mundo. Claro ele não fazia nada de ilegal com ela...
Afinal ser inteligente e ser metidinho por enquanto ainda não é
nenhum crime pelo que eu saiba.
Mas desta vez o JOMIR chegou na hora mais que oportuna!
Ah, antes que eu esqueça JOMIR é uma sigla ta.
Joia Máxima da Inteligência Robótica. É como foi batizado o protótipo de armadura utilizada pelo Alinsom.
Tinha acontecido uma discussão tremenda entre aquelas duas mulheres, porque uma estava com ciúmes do marido ca outra, Foi barraco!
Nem sei o que rolou entre o marido dela e a menina lá...
Ela veio até a cerca viva de madeiras e arame e as trepadeiras de ramadas verdes. Xingou que xingou. Esbravejou e ofendeu todo mundo.
Claro que a moça não iria mesmo ficar quieta né. Nem podia.
Xingou também a mulher de volta e virou aquele bate boca da pêga. Depois de um tempo a mulher se foi e parecia que tudo voltara à paz de sempre. Mas qual nada, era só pura ilusão não é?
Essa mulher voltou foi brava, com uma tocha acesa na mão e danou de pôr fogo nos matinhos em volta do terreno perto da cerca.
Começou a sair muita fumaça branca das braquiárias e as outras plantas que estavam sendo queimadas pela descompensada mulher.
Quando notamos aquela fumaceira toda e viemos olhar, as chamas já iam lambendo à grande altura. Já tava pegando fogo na cerca e aquela fumaceira toda me ardia nos olhos e no nariz. Impedindo de respirar.
Bateu aquele desespero porque a fumaça e as chamas do incêndio iam invadir as casas e logo estariam tão grandes que a gente não ia poder controlar mais.
Todo mundo veio correndo, juntou baldes e bacias de tudo quanto era tamanho e enchemos de água.
Fomos jogando água e molhando a cerca e os matos. E ainda meio que se controlou o fogo.
Porque o capim não tava muito seco e demorou uma data para queimar em muitos lugares.
Mas enquanto a gente apagou naquele lado, aquela mulher diabólica já estava lá num outro lote, tentando queimar tudo ali também...
Ficamos cansados, tossindo e suando muito para apagar o primeiro início do incêndio, e ela já arrumou um outro fogo bem maior.
Daquele lado o fogaréu estava bem pior. Muito mais alto pois tinha um montão de madeiras e o fogo já ameaçava chegar até a casa...
Fizemos tudo o que pudemos, e jogamos água até muito além do limite de todas as nossas forças.
Quando tudo parecia que estaria mesmo perdido chega aí o JOMIR de surpresa aparecendo. Foi praticamente em cima da hora!
Pegou seu extintor de incêndios e mandou tudo que pôde lá nos focos maiores do fogaréu enquanto andava pelo meio das chamas.
E a gente mandando a água nos dez focos menores feito uns loucos.
Com seu potente sistema de som ele orientava bem aonde a gente devia jogar a água e apagar todos os focos pequenos.
Porque os rastreadores e os sensores de calor do robô faziam ficar claro aonde as chama não haviam sido debeladas.
Quando a gente ainda pensava em comemorar que o susto maior passou, ainda pude ver aquela mulher de sorriso sádico e escarninho indo colocar fogo com aquela sua tocha, 
no terceiro lado da cerca que ela ainda não tinha queimado...
Pela crueldade daquele olhar eu logo notei que ela estava louquinha de ódio e maldade. E uma alegria cruel e selvagem a impelia a tentar se vingar botando fogo ali ao redor e tentando fazer pegar nas cercas e até na casa. Pra afogar a gente com a fumaça ou nos cozinhar vivos.
Mesmo tendo visto, parecia difícil de se acreditar...
Quanta maldade e ódio a alma humana era capaz de conter!
O que ela queria era matar todo mundo, queimado ou afogado nas fumaças!
E o novo fogo agora se alastrou muito mais depressa do que daquela primeira vez.
Parecia que o mato estava bem mais seco, e o vento ajudou ainda mais a espalhar as chamas. Foi pior pra gente lutar contra tanto fogo.
E mesmo com a ajuda de JOMIR parecia que a gente ia perder a batalha.
Ela tinha ido embora dando sonoras gargalhadas, depois de atirar pra longe aquela tocha assassina.
A gente correu lá e jogamos e jogamos água e mais água. E fizemos tudo que foi humanamente possível.
Quase que por um milagre os ventos de repente pararam e isso fez com que no finzinho do último instante nós pudéssemos enfim controlar o fogo. Mas sobraram muitas consequências.
As cercas ficaram semidestruídas. As árvores, a madeira e até mesmo a casa sofreu com os efeitos do fogaréu.
Tudo em volta tá queimado, a gente estava sujo e exaustos.
Mas feliz e agradecidos pela valiosa ajuda de Jomir.
Não fosse ela e teria acontecido uma catástrofe.
Entretanto a gente mal tinha parado para descansar e falar um pouco do caso dos apavorantes incêndios.
O JOMIR ainda estava vigilante lá em cima sobrevoando e olhando os restos do atentado.
Veio uma armadura bem maior e parecendo muito mais equipada e mais forte que se aproximou dele.
Tem sempre alguns caras que acham que porque têm muito dinheiro, podem fazer tudo que quiser...
De longe já dava pra notar que aquela armadura havia custado uma pequena fortuna. E era construída em série por uma equipe em alguma linha de montagem...
Algum laboratório importante com certeza.
Mas acontece que o piloto não era propriamente um cidadão capacitado para operar uma máquina maravilhosa como aquela. Tá na cara!
Igual a um possante fórmula um! Uma poderosa armadura como aquela não podia e nem devia ser pilotada por um riquinho qualquer, todo metido. E que não é capacitado a ter nem sequer um skate.
Também não é por ter grana pra pagar por uma que você tem o direito de sair com ela pra passear como quem usa um brinquedinho...
Vendo o JOMIR ali todo atarefado pra apagar o nosso incêndio.
Aquele panaca mauricinho não fez absolutamente nada para ajudar e nem quis colaborar conosco. Ao contrário.
Apenas se limitou a observar a outra armadura em ação e avaliar de longe cada uma de suas capacidades.
Só queria saber do que a outra armadura era capaz...
E agora achou que já podia atacar traiçoeiramente o JOMIR.
Um ataque gratuito de surpresa, e covardemente realizado.
Tava na cara que em uma luta daquelas ele nem teria chances.
O JOMIR seria o Davi pequeno, contra um Golias gigante.
A estatura daquela possante armadura era de quatro metros de altura e era enorme também na largura.
Dava a impressão de ser um homem super marombado, do tipo daqueles atletas fortões do fisiculturismo...
Devia ter pelo menos um metro e oitenta de largura de ombros.
E o corpão todo dava a impressão de querer dizer “olhem pra mim”, e vejam o quanto eu sou forte e poderoso.
Ele pegou o JOMIR por um braço e segurou bem no alto da cabeça com brutalidade. Tentava girar as juntas da articulação do pescoço. Como se quisesse rodar e arrancar a cabeça de uma boneca de plástico.
O JOMIR foi pego de surpresa, mas não ficou parado enquanto aquele robozão abusado tentava desmontar o seu esqueleto.
Ao contrário, segurou bem firme a mão do outro e não deixou rodar e nem torcer a sua cabeça.
Mas se deixasse torcer também, seria o fim para o Alinsom.
O pescoço dele e o da armadura eram um só e o mesmo pescoço.
E os dois acabariam sendo quebrados juntos, se a cabeça virasse.
Vendo que não deu para torcer pela cabeça, ele puxou com raiva e também ela não saiu do lugar para retirar da armadura...
Parecia a cena de um irmão maior de 15 anos abusando de um mais novo de 10. E de longe, vendo daqui do chão onde a gente tava.
Nada podíamos fazer, a não ser ficar em local seguro e contemplar cheios de revolta aquela luta desigual.
Eu não sabia ao certo do que o Alinsom seria capaz de fazer para se defender daquele canalha mecanizado.
Ele sempre me pareceu ser um daqueles caras filhinho de papai.
Meio nerd e mauricinho, metidinho e cheio de frescuras.
Não parecia de forma alguma um homem de ação. Do tipo decidido e capaz de se envolver numa briga pra enfrentar e até derrotar um valentão.
A gente vendo tudo aqui de baixo, torcia pra ele ganhar enquanto os dois lutavam voando a uns 10 metros ou mais de altura.
Na verdade eu tava torcendo pra ele trazer aquele valentão aqui pra baixo. Eu ia desmontar aquele monstrengo de metal todinho na paulada.
E o pessoal aqui em volta ia ajudar heim! As muierada e os caras e até as crianças tavam louco de raiva e revoltado tanto quanto eu.
Loucos pra pegar e linchar ele.
Nós ouvimos de repente soar muito alta, aquela voz bem modulada e que já tínhamos acostumados a ouvir durante o incêndio.
Todos vocês se afastem eu vou me defender desse robô agora.
Eu entendi então que podia ficar muito perigoso pra gente estar parados ali perto em campo aberto se o JOMIR lutasse mesmo contra aquela outra máquina do inferno.
Fui chamando e tirando as pessoas, as crianças. E saimos para bem longe e nos escondemos atrás de umas paredes.
Tinha de apressar ao máximo a retirada.
E pareceu que era só isso mesmo que o JOMIR estava aguardando.
Segurou mais firme a mão direita do monstro e puxou a cabeça até se soltar de vez daquelas garras que pretendiam decapitá-lo.
Pareceu que isso foi até facinho de fazer. Fiquei até me perguntando porque foi que ele esperou tanto tempo par se libertar.
Na certa o JOMIR estava fazendo a análise completa do corpo antes de começar a reagir, só podia ser mesmo isso!
Vendo que o outro libertou a cabeça, o robozão puxou das costas uma espécie de barra meio cilíndrica de quase um metro.
Ela se dividiu em gomos e soltou inúmeras pernas afiadas, tornou-se uma espécie de lacraia robô. E se encaixou sobre a cabeça do JOMIR.
Enroscando-se feito uma cobra. E as patinhas ficavam saindo faisquinhas azuis na armadura. Dando choques.
Com aquela lacraia na cabeça o JOMIR começou a puxar fortemente o braço e se soltou da segunda garra do robozão na marra.
Pegou a lacraia metálica com a duas mãos e danou de puxar até que finalmente a arrancou do seu couro ou melhor da sua couraça.
Ela ficou se retorcendo e soltando luzes laser vermelhas e faíscas tava mexendo as garrinhas afiadas enquanto o JOMIR a esmagava e ele a transformou em uma bola de metal prensado...
Mas o robozão enquanto isso não ficava parado. Se movimentou e das suas costas retirou duas lâminas de corte de altíssima rotação e as colocou em posição, para atacar o JOMIR novamente.
Evidentemente queria desmontá-lo em pedacinhos.
Jomir jogou a lacraia inutilizada na direção do robozão com toda a força e quando o atingiu fez um forte amassado no 
monstrengo e deixou uma marca entre o ombro e o cotovelo.
Aquele afundado não fez grandes estragos naquele colosso.
Velozmente ele veio e passou a sua lâmina no antebraço do JOMIR um pouco acima do pulso esquerdo.
Isso fez uma chuva de faíscas igual a fogos em cascata numa festa de fim de ano.
Achei que ia cortar o braço fora, mas foi incrível. Não fez nenhum arranhão no metal prata. Parecia ser adamantium ou coisa assim aquela porcaria. Não dava pra entender.
Não convencido que o ataque com as lâminas fracassou, ele meteu a outra bem lá na junta do ombro do JOMIR.
Só que parecia que ele estava ficando estressado com toda aquela lutinha idiota.
E dando um golpe rapidíssimo ele arrancou a lâmina do braço com uma violência incrível.
Que fez ela sair dali projetada como uma bala.
Passou-se raspando por uma grossa árvore que existia ali perto e arrancou uma enorme lasca deixando uma fresta em que você podia enxergar até do outro lado atrás da árvore. Cabia até um braço nela.
Logo o JOMIR estilhaçou o outro lado que tinha sobrado da serra de alta rotação. Mas o robozão não se dava por vencido...
Pegou um eletrodo parecido com um daqueles de solda.
Que emitia uma luz cegante e soltava inúmeras fagulhas. E tentou passar aquilo pelo corpo do JOMIR, não se importando muito em que lugar que aquilo poderia encostar na armadura.
Mas o corpo do JOMIR não era afetado pela solda e nem pelas faíscas, línguas de fogo e energia elétrica que escapavam.
Ele ainda lançou um tipo de laser diretamente sobre o corpo do JOMIR mas também não fez nada do efeito esperado.
A luz só iridesceu e se dispersou sem causar maiores estragos.
Vendo que a coisa estava ficando séria ele pegou um maçarico, mas desta vez o Jomir não deixou mais ele usar...
Com um movimento rapidíssimo arrancou da mão dele e atirou para o chão com toda força e o objeto sumiu.
Foi parar alguns metros debaixo da terra.
E o JOMIR passando ao ataque foi para cima do robozão e a primeira coisa que ele fez foi se jogar em cima do outro robô. Usando um raio laser potente mas fino na couraça do braço direito.
Isso quase não o afetou muito, apenas dificultou-lhe os movimentos.
Pude entender que o JOMIR tentava inutilizar estragando o mínimo possível aquele robozão...
Mas isso porque tinha o detalhe que havia um ser humano ali dentro daquela máquina do mal.
Não se podia destruir a armadura, sem que o homem que estava dentro fosse aniquilado junto com ela.
Atacou também agora, o braço esquerdo.
Mas o robozão estava de sobreaviso e o agarrou violentamente num abraço de tamanduá. E o apertava tentando a todo custo esmagar.
Com aquela sua voz bem modulada ele nos disse:
Quando eu descer podem jogar um pouco de água em nós.
A ordem era bem clara, e a gente correu em busca dos baldes e das bacias que usamos no incêndio.
E quando voltamos os dois ainda estavam embolados, mas iam descendo lentamente. Parecia que o grandão tentava 
evitar isso a todo custo. Mas não conseguia impedir a descida até o solo...
Nós chegamos e já jogamos muita água. Molhamos os dois robôs por todos os lados, da cabeça aos pés como se agora fosse nele o incêndio.
Depois disso JOMIR voltou a mandar que todos nós ficássemos ainda mais longe do que antes a gente tinha ficado.
Ele agora estava lá parado bem no meio do terreno aberto.
Ali parecia um tipo de campinho de terra vermelha e ressecada.
O dia estava ainda bem claro. E tinha uma poucas e esparsas nuvens no céu ainda bem azulado.
Mas de repente o JOMIR começou a brilhar e a atrair partículas. A ficar muito fosforescente, sei lá. Estava todo ionizado.
De súbito caíram uns raios sabe lá vindos de onde no céu.
Como se o JOMIR tivesse ligado para raios bem no meios de uma tempestade.
Veio uns raios coloridos em rosa, laranjado, azul, verde e brancos.
Rasgando o ar com um barulho ensurdecedor.
E todo mundo que tava perto di mim fugiu correndo, como uns loucos desesperados.
Mas eu simplesmente não podia me mexer dali.
Ficava olhando as descargas totalmente fascinado. E eu tinha a perfeita noção que cada cor diferente de raio equivalia a uma diferença de voltagem das suas descargas de eletricidade.
Não tinha nenhum daqueles raios que tivesse menos do que talvez 3 milhões de volts, mas a maioria chega aos 5 milhões.
E era o robozão quem recebia toda aquela carga de
energias na sua cabeça e por todo o corpo. Ele não tremia nem esboçava reação.
Parecia ter se travado segurando o JOMIR como um carrapato que se prende mesmo após ter sodo dedetizado.
E os raios caiam e ofuscava até a vista eu olhar. Mas notei que o JOMIR continuava cortando a armadura do inimigo em muitos pontos e em vários pequenos lugares com o seu laser.
Enquanto isso atraia toda a chuva de raios sobre ele.
De muito longe era visível aquela dança de raios e fogo no céu.
Porém quando se encerrou o JOMIR estava lá impávido
E o robozão já não era capaz de se mexer e nem de fazer mais nada.
Estava todo travado e paralisado ao ponto de não ter nem mais energia. Apesar de toda aquela eletricidade que havia caído sobre sua estrutura de metal.
E começou a se ouvir uma voz lá de dentro dele. Meio abafada.
Ei. Me tirem daqui me ajuda.
O JOMIR mexeu um pouco e logo abriu uma brecha na armadura. E saiu de lá um rapaz branco com um sorriso amarelo. Com cara de cachorro que acabou de cair da mudança. Todo sem graça.
A voz de JOMIR parecia inflexível. Não havia emoção alguma.
O que foi que aconteceu? Por que você me atacou?
Não fui eu, minha armadura estava fora de controle
Acho que mudei errado alguma coisa na programação, sei lá...
Entendo, então foi por isso que tentou me desmantelar.
Pensei que ele queria ganhar um prêmio na feira de robôs e foi por isso que achou que poderia te eliminar como adversário e competidor.
Ah feira é só uma droga de competição. Alguém poderia ter sido destruído quando esta máquina partiu para cima de mim.
Já disse que não foi culpa minha... Agora vou ter que chamar a minha equipe e mandar levar de volta o meu robô. Vou consertar.
Você é quem sabe, boa sorte então.
Puxa que máquina você tem eim! Como foi que você conseguiu?
Foi um projeto de meu pai. Eu aperfeiçoei e construí tudo sozinho. A maioria das peças foi eu mesmo que fiz.
Nossa que máquina a sua. Alguma vez já participou de lutas de robôs em alguma arena? Como é que se chama?
JOMIR. Joia Máxima da Inteligência Robótica!
Puxa, que legal. Porque eu nunca ouvi falar de você?
Eu participei da feira só como demonstração duas vezes...
Agora vou deixar você ai cuidando da sua máquina.
Há, mas agora máquina era a maneira de dizer né.
Sucata seria o nome mais correto para chamar o robozão no atual estado em que se encontrava. Virou só o refugo.
O processador e as centrais de dados não prestariam pra mais nada.
E também muitas peças estavam derretidas e avariadas. Fundidas.
Um equipamento interno caríssimo agora estava inutilizado e se queimou para sempre. E só umas poucas peças isoladas iriam poder ser retiradas e se aproveitaria em alguma outra máquina, mas...
Eu tinha escutado todo aquele papo furado do carinha.
Tinha visto o que o JOMIR teve de fazer pra salvar aquele cara.
E agora via com péssimos olhos a coisa toda.
Você acha que ele fala a verdade que o robô armadura

dele que tem a culpa porque realmente deu um defeitinho?
Não sei, acho que não confio muito...
Tenho certeza JOMIR. Ele te atacou de propósito, de caso pensado. É um daqueles riquinhos metidos a besta que faz luta na guerra de robôs. Tenha muito cuidado com este cara e essa tal equipe deles.
Já tive o pressentimento que esse sujeitinho não presta
Pra que ele alteraria a programação de um robô afinal?
E ainda saiu falando que não era ele que controlava. Mentira dele!
Todo robô tem um botão de desligamento automático de emergência.
Era só ele desligar e o robô ia para na hora, sem fazer nada que fosse perigoso pra ninguém...
Sabe que eu não tinha pensado nisso...
Tou te avisando JOMIR, esse cara ai não presta. Aposto que ele já deve estar planejando como fazer pra poder atacar você de novo.
Ele ou algum amiguinho lá dessa equipe dele. Talvez tente até roubar a sua máquina...
Também não confio nele. Soa tudo meio falso.
Sim eu percebi que você não quis dizer nem seu nome pra ele.
Fez muito bem. Vi que o olhinho dele brilha de cobiça pelo seu robô.
Sim, também achei estranho, parecia que ele tava admirando até demais.
E ainda falou em lutas e aposto que ele tava pensando no JOMIR lutando nessa tal Arena com algum outro robô. Porque o dele não deu nem pra saída...
Você talvez devesse chamar a polícia cibernética não é melhor eim? Não! Nem posso fazer isso, eles iriam periciar o
meu robô e talvez até prender por meses. Eu fiz modificações recentes.
Ainda tenho de informar isso e levar para fazer a inspeção e pedir a autorização. Se eu denunciar aquele otário, eu vou ficar ainda mais no prejuízo do que ele...
Eu entendi. Mas aposto que não vai ser a última vez que ele vai ti arrumar essas encrencas em JOMIR. Toma cuidado.
É, vou andar de olho mais aberto de agora em diante.
Nem tenho como agradecer o que você fez naquele incêndio todo cara.
Se você precisar de mim, qualquer coisa é só falar.
Valeu, obrigado. Agora vou pro laboratório fazer uma revisão.
Quero ter certeza de que aquele combate todo não causou nada.
Eu já tinha entrado até no meio de um incêndio...
Tá certo então, apareça ai outra hora.
Logo o JOMIR se perdia na distância, voando baixo.
Pois é, estou virando fã desse cara. Se arriscou muito em apagar todo aquele incêndio. Depois vai e derrota um robô de guerra com o dobro do seu tamanho.
Por falar em incêndio, vou ter que conversar a sério com aquela desmiolada eim. Que história foi essa de daquela mulher vim aqui e botar fogo em nós todos, só porque tá com ciúmes do marido?
Mas isso vai ter que ficar pra depois. Eu vou lá espionar o besta que era dono daquele robozão. Putz pensei que o JOMIR fosse até perder aquela luta.
Nunca pensei que o babaquinha do Alinson fosse capaz de lutar e se defender de um ataque igual ele fez.
Ele parece meio bichinha tem hora. Achei que ele ia só apanhar e nem ia reagir... Podia ter só fugir né.
Ei. Mas espera ai. Cara quanta gente e quanta máquina só
para ir recolher aquela sucata de robô.
Epa, ô, cadê o rasgadão que a lâmina tinha feito na árvore?
Pegaram a lacraia de metal, e até já puxaram lá do fundo da terra o maçarico do robozão.
Parecia rápido, rápida e metódica até demais a tal equipe que ajudava aquele cara. Certeza absoluta que aquela não era a primeira vez que eles faziam aquele tipo de limpeza.
Tirando tudo que era vestígio sem largar a mínima pista para trás.
Eu tava bem escondido e só filmava a movimentação do grupo..
Com certeza que eu não devia ser visto ali.
Eles podiam achar bem ruim serem filmados na sua obra de limpeza e pente fino.
Uma pena que eu não podia me aproximar demais e ouvir o que que eles tanto conversavam. Teria adorado ter mais alguma informação.
Mas era claro que estes caras aqui iam importunar o panaca do Alinson pra fazer contra ele alguma outra luta de robôs.
O pior é que nem podia usar agora essas imagens pra denunciar estes criminosos, porque iria prejudicar o Alinsom.
O mais certo que este malandro faz agora é se cuidar viu...
E realmente seria muito bom que o piloto do JOMIR pudesse ver que estranhos pensamentos aquele riquinho ali estava tendo.
Ainda olhando com pena os destroços do robozão dele que tava lá esticado na plataforma de transporte o carinha comentou:
É você ganhou desta vez. Mas eu ainda vou pegar na curva esse seu protótipo de robozinho, ou JOMIR.
E até eu já sei quem vai me ajudar.
Tenho é que falar com o Shadow imediatamente.