O REI SAPO
Quando
as pessoas dizem que não se deve maltratar os animais .
A
gente sempre pensa que é por motivos humanitários ...
Que
somos tão superiores a todos os espécimes da natureza que seria um
verdadeiro sacrilégio as pessoas abusarem de sua força e de sua
superioridade sobre os bichos . Que seriam apenas as pobres vítimas
indefesas da má índole da humanidade .
É
claro que existem os bichos bons e os bichos ruins segundo a nossa
própria visão do mundo .
Por
exemplo existe o movimento salvem as baleias . Salvem os golfinhos,
ou então salvem os ursos pandas .
Mas
ninguém jamais pensaria em concordar com movimento salvem as
cascavéis , salvem os escorpiões ou salvem as baratas cascudas ...
A
mesma coisa acontece com o animal conhecido popularmente como sapo .
Tidos
por muitas pessoas como venenoso e odiado por muitos como sendo um
bicho de mau agouro .
Ele
é usado em rituais geralmente associados à bruxaria .
A
verdade é que quase ninguém respeita o sapo .
Como
se não fosse também uma espécie de ser vivo .
E
o mais grave é que sapos também são úteis, Cumprem importante
função
biológica no seu habitat .
Mas
as pessoas desde as mais tenras idades já se acostumaram a maltratar
os sapos .
Sem
jamais parar pra pensar na sua importante função nos ecossistemas .
o
convívio com outras crianças pode até ser saudável.
Mas
as vezes serve apenas pra estragar o trabalho de anos de dedicação
e educação dada pelos pais.
Foi
exatamente o que aconteceu com Marcela...
Quando
o seu priminho lucas veio morar num bairro próximo.
Aquele
menino era simplesmente terrível!
Briguento,
respondão . E barulhento em !
Não
parava um segundo quieto. E destruía tudo o que ele via pela frente.
E
com que prazer que ele perseguia e maltratava os pobres dos animais.
Pegava pra jogar nas pessoas.
Brincava
com eles ou simplesmente os torturava e matava como um verdadeiro
monstrinho.
Mas
espere aí ! Que atire a primeira pedra, alguém que jamais fez artes
quando era criança !
É,
tem razão... Lucas não era nada de anormal era apenas danado como o
era toda e qualquer criança...
A
grande verdade é que ele era apaixonado por Marcela.
Aqueles
dois se entendiam ! Brincavam por horas e horas e horas e jamais se
viu os dois brigarem.
Conversavam
sobre todas as coisas.
Como
se fossem gente grande.
Mas
Lucas acabou por ensinar a Marcela a bagunçar com animais.
Ele
ensinou que todo mundo tem medo e nojo dos animais, mas que eles são
indefesos. Na sua grande maioria eram totalmente inofensivos
Ela
então passou a fazer as mesmas artes do seu primo com tanta
perfeição quanto o próprio Lucas.
Pegava
agora baratas, ratos e gafanhotos pra jogar nas pessoas. Torturava
lagartas e taturanas espetando-as com espinhos.
Mas
tomava brocas da sua mãe sempre que fazia essas artes e molecagens.
Mas
havia um animal que marcela sempre teve medo. Que talvez pela feiura
ou pelo aspecto repugnante, nunca lhe havia sido simpático...
O
SAPO! Esse animal Marcela jamais suportou !
E
também não entendia como Lucas podia brincar com eles.
Realmente
o Lucas adorava.
Soltava-os
na água. Assustava as pessoas com eles.
Era
um inferno !
Dona
ângela falava irritada : _ Lucas vai largar esse sapo menino ! Deixe
de ser porco!
Mas
aquele garoto não ouvia. Nunca ouvia.
Tava
sempre fazendo artes. Dando trabalho.
Apesar
das broncas e conselhos da mãe.
De
tanto que sua mãe tinha advertido aquele menino até Marcela já
sabia que não se devia brincar nem maltratar os sapos.
Bicho
aliás que ela nunca parava de ter muito medo.
Lucas
por seu lado era alguém que nada temia. Não havia o que o
assustasse.
E
tentava passar a Marcela toda essa confiança.
E
enfim aos poucos ela ia perdendo o medo.
Ao
menos não fugia mais desesperada toda vez que via um sapo.
Já
os espantava, ou os enxotava corajosamente quando estava bem armada
de uma vassoura...
Mas
teve uma certa ocasião em que a menina cismou de expulsar um
insistente sapo cururu que resistia em ir embora.
Esse
pareceu ser um daqueles que sempre apareciam em sua casa.
Porém
quando Marcela quis espantá-lo ela ouviu que ele cantava : _ Croak
Croak! Eu sou Rei Sapo ! Croak Croak ! Eu daqui, não saio !
E
a menina falava : _ Xôooo ! Vai embora sapo ! Que bicho mais chato !
E
tres vezes ela tentava expulsar o animal e ele assim respondia: _
Croak Croak ! Eu não sou chato ! Croak croak ! Eu sou o rei sapo !
Croak croak ! Eu daqui não saio.
Daí
ela pegava e empurrava o anfíbio até pra fora do quintal. Usando a
vassoura.
E
quando era assim, pouco depois ele já havia sumido.
Sem
que ninguém soubesse pra onde tinha ido.
Dessa
forma foi que aconteceu no primeiro dia, quando o sapo apareceu.
No
segundo dia o mais três vezes apareceu o sapo conversando. E ela
tentou enxotar de sua casa novamente. Com a mesma vassoura da outra
vez.
Dizia
ela : _ xôoooo Vai embora sapo ! Que bicho mais chato !
_
Croak croak ! Eu não sou chato. Croak croak ! Eu sou o Rei Sapo !
Croak Croak ! Eu daqui não saio !
No
terceiro dia lá estava novamente aquele sapo enrugoso e tão feio,
já tinha se tornado mai do que in conveniente naquela casa.
Estava
lá outra vez quando a menina veio e o enxotou valentemente para o
quintal.
_
Xôoooooo ! Vai embora sapo ! Que bicho mais chato.
_
Croak Croak ! Eu não sou chato ! Croak Croak ! Eu sou o Rei Sapo !
Croak Croak ! Eu daqui não saio.
Mas
como em geral criança nem pensa no que faz, a menina pegou num
pedaço de pau e danou a surrar esse sapo. Ou Rei sapo como ele
costumava dizer.
Bateu
nele uma vez, bateu e bateu.
E
como todo mundo está acostumado a ver, os sapos se enchem de ar e
parece que crescem de tamanho.
Só
que este mestre sapo que era encantado. Era encantado não só porque
falava.
Era
encantado também porque quando começou a se inflar parecia que não
ia parar mais.
Foi
ficando maior e maior. Crescendo e se estufando todo. Até que logo
já estava maior do que a criança.
Vendo
aquilo tudo a menina ficou foi muito
assustada.
E
como toda criança quando se sente com medo, ela correu em busca da
proteção de sua mamãe.
Nessa
hora ela estava la nos fundos do quintal lavando roupas e ao ver sua
filhinha naquele desespero todo perguntou :
_
O que houve minha filha. O que foi ?
_
Me esconde mãe ! Socorro ele está vindo atrás de mim ! Me salve .
Sem
entender direito o que estava se passando. A dona teve a ideia de
tampar a menina com uma grande bacia que estivera usando ali perto.
E
mal acabou de esconder a garota, lá vinha aquele bichão todo
enfezado. Andando aos pulos .
A
palavra monstro depende muito da perspectiva de quem olha.
Porque
pra uma formiguinha um sapo normal seria um monstrão devorador.
Enquanto que pra uma pessoa ele não passaria de um bichinho.
Acontece
que este Rei Sapo estava maior do que um touro. Qualquer um se
assustaria vendo aquilo e chamaria esse bicho de monstro.
E
achava que tinha que encontrar a menina...
_
Croak Croak ! Onde está menina que bateu no sapo – perguntou ele
com uma voz gravíssima e estranha.
_
Menina foi embora se perdeu no mato ! Disse a mãe aflita, mentindo
para salvar a filha.
_
Croak Croak ! Onde está menina que bateu no sapo ? - perguntou o
sapão de novo para a mulher.
_
Menina fugiu, foi se esconder no quarto !
Mentiu
novamente a mulher para o sapo
_
Croak Croak ! Onde está menina que bateu n o sapo ? - perguntava
outra vez o rei sapo para ela.
_
Menina foi pra casa 1! Mora em outro bairro !
-
A mulher mentindo cantou para o Rei Sapo pela terceira vez.
E
ainda aquele sapão parecia não estar se convencendo...
Depois
de olhar muito desconfiado para a pobre mulher assustada.
O
sapão deu um pulo e um giro completo, olhando tudo que havia à sua
volta.
E
então viu aquela bacia enorme ali parada.
E
nessa mesma hora a menina soltou um espirro. Fazendo um barulho muito
bem escutável lá de seu esconderijo.
O
sapão então soube na mesma hora onde havia ficado oculta aquela
menina.
E
se aproximou do lugar em que ela estava.
Parou
e deu três lambidas na bacia .
Então
virou as costas enrugosas e saiu pulando devagar e calmamente.
E
enquanto se afastava o Rei Sapo se encolhia.
Logo
entrou pra dentro do mato e desaparecia.
A
mãe preocupada correu lá e tirou aquela baciona de cima da criança.
Mas
a menina estava morta lá embaixo.
Dura,
pretinha e cheia de formigas...
F I M
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