quarta-feira, 7 de setembro de 2016

CAUSOS : HISTORINHAS DA TIA FLORINDA


O REI   SAPO




Quando as pessoas dizem que não se deve maltratar os animais .
A gente sempre pensa que é por motivos humanitários ...
Que somos tão superiores a todos os espécimes da natureza que seria um verdadeiro sacrilégio as pessoas abusarem de sua força e de sua superioridade sobre os bichos . Que seriam apenas as pobres vítimas indefesas da má índole da humanidade .
É claro que existem os bichos bons e os bichos ruins segundo a nossa própria visão do mundo .
Por exemplo existe o movimento salvem as baleias . Salvem os golfinhos, ou então salvem os ursos pandas .
Mas ninguém jamais pensaria em concordar com movimento salvem as cascavéis , salvem os escorpiões ou salvem as baratas cascudas ...
A mesma coisa acontece com o animal conhecido popularmente como sapo .
Tidos por muitas pessoas como venenoso e odiado por muitos como sendo um bicho de mau agouro .
Ele é usado em rituais geralmente associados à bruxaria .
A verdade é que quase ninguém respeita o sapo .
Como se não fosse também uma espécie de ser vivo .
E o mais grave é que sapos também são úteis, Cumprem importante
função biológica no seu habitat .
Mas as pessoas desde as mais tenras idades já se acostumaram a maltratar os sapos .
Sem jamais parar pra pensar na sua importante função nos ecossistemas .



o convívio com outras crianças pode até ser saudável.
Mas as vezes serve apenas pra estragar o trabalho de anos de dedicação e educação dada pelos pais.
Foi exatamente o que aconteceu com Marcela...
Quando o seu priminho lucas veio morar num bairro próximo.
Aquele menino era simplesmente terrível!
Briguento, respondão . E barulhento em !
Não parava um segundo quieto. E destruía tudo o que ele via pela frente.
E com que prazer que ele perseguia e maltratava os pobres dos animais. Pegava pra jogar nas pessoas.
Brincava com eles ou simplesmente os torturava e matava como um verdadeiro monstrinho.
Mas espere aí ! Que atire a primeira pedra, alguém que jamais fez artes quando era criança !
É, tem razão... Lucas não era nada de anormal era apenas danado como o era toda e qualquer criança...
A grande verdade é que ele era apaixonado por Marcela.
Aqueles dois se entendiam ! Brincavam por horas e horas e horas e jamais se viu os dois brigarem.
Conversavam sobre todas as coisas.
Como se fossem gente grande.
Mas Lucas acabou por ensinar a Marcela a bagunçar com animais.
Ele ensinou que todo mundo tem medo e nojo dos animais, mas que eles são indefesos. Na sua grande maioria eram totalmente inofensivos
Ela então passou a fazer as mesmas artes do seu primo com tanta perfeição quanto o próprio Lucas.
Pegava agora baratas, ratos e gafanhotos pra jogar nas pessoas. Torturava lagartas e taturanas espetando-as com espinhos.
Mas tomava brocas da sua mãe sempre que fazia essas artes e molecagens.
Mas havia um animal que marcela sempre teve medo. Que talvez pela feiura ou pelo aspecto repugnante, nunca lhe havia sido simpático...
O SAPO! Esse animal Marcela jamais suportou !
E também não entendia como Lucas podia brincar com eles.
Realmente o Lucas adorava.
Soltava-os na água. Assustava as pessoas com eles.
Era um inferno !
Dona ângela falava irritada : _ Lucas vai largar esse sapo menino ! Deixe de ser porco!
Mas aquele garoto não ouvia. Nunca ouvia.
Tava sempre fazendo artes. Dando trabalho.
Apesar das broncas e conselhos da mãe.
De tanto que sua mãe tinha advertido aquele menino até Marcela já sabia que não se devia brincar nem maltratar os sapos.
Bicho aliás que ela nunca parava de ter muito medo.
Lucas por seu lado era alguém que nada temia. Não havia o que o assustasse.
E tentava passar a Marcela toda essa confiança.
E enfim aos poucos ela ia perdendo o medo.
Ao menos não fugia mais desesperada toda vez que via um sapo.
Já os espantava, ou os enxotava corajosamente quando estava bem armada de uma vassoura...
Mas teve uma certa ocasião em que a menina cismou de expulsar um insistente sapo cururu que resistia em ir embora.
Esse pareceu ser um daqueles que sempre apareciam em sua casa.
Porém quando Marcela quis espantá-lo ela ouviu que ele cantava : _ Croak Croak! Eu sou Rei Sapo ! Croak Croak ! Eu daqui, não saio !
E a menina falava : _ Xôooo ! Vai embora sapo ! Que bicho mais chato !
E tres vezes ela tentava expulsar o animal e ele assim respondia: _ Croak Croak ! Eu não sou chato ! Croak croak ! Eu sou o rei sapo ! Croak croak ! Eu daqui não saio.
Daí ela pegava e empurrava o anfíbio até pra fora do quintal. Usando a vassoura.
E quando era assim, pouco depois ele já havia sumido.
Sem que ninguém soubesse pra onde tinha ido.
Dessa forma foi que aconteceu no primeiro dia, quando o sapo apareceu.
No segundo dia o mais três vezes apareceu o sapo conversando. E ela tentou enxotar de sua casa novamente. Com a mesma vassoura da outra vez.
Dizia ela : _ xôoooo Vai embora sapo ! Que bicho mais chato !
_ Croak croak ! Eu não sou chato. Croak croak ! Eu sou o Rei Sapo ! Croak Croak ! Eu daqui não saio !
No terceiro dia lá estava novamente aquele sapo enrugoso e tão feio, já tinha se tornado mai do que in conveniente naquela casa.
Estava lá outra vez quando a menina veio e o enxotou valentemente para o quintal.
_ Xôoooooo ! Vai embora sapo ! Que bicho mais chato.
_ Croak Croak ! Eu não sou chato ! Croak Croak ! Eu sou o Rei Sapo ! Croak Croak ! Eu daqui não saio.
Mas como em geral criança nem pensa no que faz, a menina pegou num pedaço de pau e danou a surrar esse sapo. Ou Rei sapo como ele costumava dizer.
Bateu nele uma vez, bateu e bateu.
E como todo mundo está acostumado a ver, os sapos se enchem de ar e parece que crescem de tamanho.
Só que este mestre sapo que era encantado. Era encantado não só porque falava.
Era encantado também porque quando começou a se inflar parecia que não ia parar mais.
Foi ficando maior e maior. Crescendo e se estufando todo. Até que logo já estava maior do que a criança.
Vendo aquilo tudo a menina ficou foi muito
assustada.
E como toda criança quando se sente com medo, ela correu em busca da proteção de sua mamãe.
Nessa hora ela estava la nos fundos do quintal lavando roupas e ao ver sua filhinha naquele desespero todo perguntou :
_ O que houve minha filha. O que foi ?
_ Me esconde mãe ! Socorro ele está vindo atrás de mim ! Me salve .
Sem entender direito o que estava se passando. A dona teve a ideia de tampar a menina com uma grande bacia que estivera usando ali perto.
E mal acabou de esconder a garota, lá vinha aquele bichão todo enfezado. Andando aos pulos .
A palavra monstro depende muito da perspectiva de quem olha.
Porque pra uma formiguinha um sapo normal seria um monstrão devorador. Enquanto que pra uma pessoa ele não passaria de um bichinho.
Acontece que este Rei Sapo estava maior do que um touro. Qualquer um se assustaria vendo aquilo e chamaria esse bicho de monstro.
E achava que tinha que encontrar a menina...
_ Croak Croak ! Onde está menina que bateu no sapo – perguntou ele com uma voz gravíssima e estranha.
_ Menina foi embora se perdeu no mato ! Disse a mãe aflita, mentindo para salvar a filha.
_ Croak Croak ! Onde está menina que bateu no sapo ? - perguntou o sapão de novo para a mulher.
_ Menina fugiu, foi se esconder no quarto !
Mentiu novamente a mulher para o sapo
_ Croak Croak ! Onde está menina que bateu n o sapo ? - perguntava outra vez o rei sapo para ela.
_ Menina foi pra casa 1! Mora em outro bairro !
- A mulher mentindo cantou para o Rei Sapo pela terceira vez.
E ainda aquele sapão parecia não estar se convencendo...
Depois de olhar muito desconfiado para a pobre mulher assustada.
O sapão deu um pulo e um giro completo, olhando tudo que havia à sua volta.
E então viu aquela bacia enorme ali parada.
E nessa mesma hora a menina soltou um espirro. Fazendo um barulho muito bem escutável lá de seu esconderijo.
O sapão então soube na mesma hora onde havia ficado oculta aquela menina.
E se aproximou do lugar em que ela estava.
Parou e deu três lambidas na bacia .
Então virou as costas enrugosas e saiu pulando devagar e calmamente.
E enquanto se afastava o Rei Sapo se encolhia.
Logo entrou pra dentro do mato e desaparecia.
A mãe preocupada correu lá e tirou aquela baciona de cima da criança.
Mas a menina estava morta lá embaixo.
Dura, pretinha e cheia de formigas...



         F   I   M








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