sexta-feira, 9 de setembro de 2016

CAUSOS : HISTORINHAS DA TIA FLORINDA



            OS   TRES  FANTASMAS E OS FIGOS





Teve uma época do passado, faz muito, mas muito tempo mesmo.
Que o mundo parecia ser muito imenso de tão grande que ele era...
Nessa época tudo era sempre muito longe e muito afastado.
As notícias e as novidades eram coisa rara de chegar.
Toda casa era feita de acordo com a vontade e as posses do seu dono.
E as ruas eram muito largas e as estradas sempre usadas em excesso e quase nunca em condição que seria a ideal.
Não havia asfalto nem calçadas, e a chuva deixava lamas e grandes buracos em toda parte.
E o movimento das pessoas e o tempo seco deixavam nos ares a famigerada poeira.
Os animais e os grandes veículos carros de boi e carroças
deixavam nas ruas as suas marcas.
E os bichos de todos os tamanhos deixavam no solo o seu esterco.
A vida era muitíssimo mais animada do que hoje !
Sendo muito menor a quantidade de ruas e estradas .
Elas eram bem mais importantes e mais usadas por maior número de pessoas.
Havia modernas e bonitas casas. E casarões tão antigos. Mas bem antigos e com a aparência da riqueza imensa que no passado
existiu.
Uma bela chacrinha que tinha uma dessas casas era a do
Manoel Ferreira. Um homem muito orgulhoso do pomar que existia em suas fertilíssimas terras.
Tudo que é tipo de planta ou árvore frutífera que alguém pudesse imaginar o Manoel Ferreira tinha lá na sua estância, bem cuidada e dando fruto em seu pomar.
E com tanta fruta que até perdia e desperdiçava.
O Manoel Ferreira colhia para vender, e até presenteava os amigos e os bons vizinhos.
Naquele tempo não era raro como hoje ter Bons Vizinhos.
Mas nem de longe ele conseguia acabar com tanta fartura de cada safra em suas terras.
A esposa do Manoel Ferreira, a dona Solange o ajudava a cuidar e a colher das plantas e frutas tantas e tamanhas que lá havia...
Mas o mundo sempre foi um lugar de inveja e mesquinharias não é ?
Assim como sempre foi e jamais vai deixar de ser o lugar das coisas mais fantásticas acontecerem...
Começou a aparecer que andariam mexendo tarde das noites e altas madrugadas nas coisas do Manoel ferreira...
Racharam suas melancias, chuparam suas laranjas.
Roubaram os seus abacates, as suas goiabas, jabuticabas, suas carambolas.
Mexeram em suas uvas, no jenipapo, na jaca, nas mixiricas, no bananal. No mandiocal, no abacaxi.
No jambo.
E aquilo foi deixando aos pouquinhos o Manoel Ferreira
maluco!
Ele já tinha mesmo um ciúme doentio das suas plantas.
Para se ter uma ideia, ele não permitia nunca que jogassem pedras nem paus nos pés de mangas.
Não se podia derrubar as folhas dos pés de goiaba nem de jambo.
Nem de qualquer outra planta. Ele ficava louco toda vez que via que alguém derrubou as frutas verdes e por isso
ainda impróprias para comer.
Acabava se irritando até com algumas espécies de
passarinhos, como os sanhaços que perfuravam os frutos do mamão quando estavam maduros no pé.
Com essa onda de passarem as cercas e pegarem as frutas sem pedir então!
De tanto ser alvo dos misteriosos larápios e vândalos, com o tempo o Manoel foi ficando ranzinza e mesquinho.
Já não permitia mais que entrassem em suas terras para colher mais nada …
__ Se ninguém mais entrar aqui, não vão mais saber onde estão os pés de frutas maduras e não viriam buscar mais coisa nenhuma . - pensou ele.
Também deixou de levar e convidar as vizinhanças com as delícias nascidas em seu pomar.
A ideia de estar sendo bom e cordial com algum dos invasores que andavam levando prejuízo às suas terras lhe dava vira voltas no estômago.
E para não ser bom com ladrões agora já não era bom com mais ninguém !
Passou a ficar um homem rabugento.
Desconfiando de Deus do vigário e de todo mundo...
Tentou colocar dois cães vindo de longe da fazenda.
Para tomar conta da sua propriedade e essa ideia também não deu certo para variar.
Os cães fugiram e aprontaram bagunças por todo o terreiro. O cachorro maior que era marrom bem escuro fugiu para bagunçar pelas ruas.
Enquanto o cachorro menor que era amarelo foi cavar em meio ao jardim bem cuidado da Dona Solange e destruiu tanta planta que o Manoel Ferreira teve que se livrar dos dois cachorros.
Depois ele pensou em fazer armadilhas ao longo do terreno. Mas iria dar tanto trabalho que logo ele abandonou também essa ideia.
Quanto mais os dias passavam, mais resmungão o Manoel Ferreira ficava. As pessoas jogavam piadinhas para ele sempre que o encontravam na rua ou nos lugares.
__ Cuidado em Manoel, logo vai estar chegando o tempo do caju . E os seus cajueiros dão o melhor caju da região.
E este ano vai dar mais ladrão do que frutos nos pés do seu cajueiro ! Ah ah ah ah
Isso também irritava extremamente o Manoel Ferreira...
Um dos grandes males do mundo é a inveja, um troço que corrói por dentro o coração do ser humano que não sabe resistir a ela.
E um desses grandes invejosos era o vizinho do Manoel Ferreira. O Seu Joaquim Cardoso.
O tempo todo houve sempre alguma desavença entre a raça dos Ferreira e a raça dos Cardoso.
O Manoel Ferreira se casou com dona Solange e o Joaquim Cardoso pretendia ir pedir a mão dela e tinha ficado muito frustrado.
E todas as plantas que ele sabia que o Manoel Ferreira cultivava. O seu Joaquim também tinha e não produziam bem como as do seu rival.
E a mulher do seu Joaquim não era melhor cozinheira e nem doceira do que a dona Solange.
Ou seja, no fundo tudu parecia estar contra ele.
Mas o pior de tudo é que além dele ter a inveja, nunca ele tinha
tido a educação de esconder !
E deitava falatório disso por toda a região.
__ Se as minhas goiabas fossem tão boas como as goiabas
do Manoel Ferreira eu ia fazer a melhor goiabada cascão
que já se viu aqui na redondeza!
Se o meu pasto fosse bom como os pastos do Manoel Ferreira, eu faria o melhor e mais saboroso queijo que já se provou por estas terras !
Se as terras do Manoel Ferreira não fosse o melhor lugar para se plantar os pêssegos, jaca, uva, cana de açúcar, mangas, as laranjas...
Toda aquela inveja que o Seu Joaquim demonstrava, fazia muito o Manoel Ferreira pensar se não era o seu Joaquim quem furtava de noite em suas terras, os frutos do seu tão afamado pomar...
Quem sabe até não foi ele ?
__ Sim, já que nas terras dele nunca dá nada .
Seu Manoel Ferreira mantinha ainda o saudável hábito de nunca, nunca pensar o mal das pessoas.
Mas aquela inveja do Joaquim era demais !
Ele era louco por jabuticaba e o Manoel Ferreira até lhe
fez uma vistosa muda.
Já estava grande com mais de um metro quando o Seu Joaquim levou.
Mas dois dias depois tinha secado !
Aconteceu a mesma coisa com a muda da carambola,
da jaca, das água pomba.
Toda muda viçosa do Joaquim se secava misteriosamente em poucos dias.
A explicação era que alguém naquela casa tinha um bom dum “mau olhado” ! Só podia ser mesmo isso.
Luís Pacheco, também conhecido por “ Luís das onças”
era o sujeito que sem sombra de duvida era o verdadeiro culpado de todos os desgostos e prejuízos que o Manoel Ferreira vinha sofrendo.
Luís das onças tinha um irmão e um primo que eram iguais a ele. Os três tinham “ espírito de porco “ !
José das onças era mais novinho e o primo se chamava Pedro Ortelino.
E o Luís mandava o irmão e o primo trepar no alto das árvores e vasculhar os terrenos do Manoel Ferreira em busca de todo tipo de frutos maduros que os três pudessem ir la comer ou carregar.
Deixavam cascas, sujeiras e marcas por onde passavam.
Mas eram mestres em se esconder, tocaiar i ir a toda parte sem deixar rastros.
Eram uma família simpática e muito conhecida por toda
aquela região.
Num lugarejo feito aquele que não tinha nem lei, aqueles eram os homens certos para caçar os escravos fugidos.
Os bandidos que se escapavam da justiça.
Ou caçar as onças e os pumas selvagens que sempre causavam grandes prejuízos nas fazendas .
Eles cobram um preço até razoável de modo que não era dispendioso contratar os seus serviços.
Num belo dia o dono da venda, pilheriando o Manoel Ferreira sem querer iniciou a crise :
__ Já está chegando os tempos do figo em Manoel Ferreira. Cuidado com os ladrões ! ah ah ah ah ah
Vou querer muitos potes do doce da Dona Solange esse ano.
Manoel ferreira passou três dias remoendo tudo aquilo. Taciturno.
__ Mas que bicho foi que te mordeu homem ? Porque foi
que você agora só anda tão emburrado ? - Dona Solange não o entendia mais.
__ É que agora já chega ! Eu tomei uma decisão...
Mas você decidiu foi o que Manoel ?
E do que está falando ?
__ Eu já disse que chega, mulher. Vou esperar esses ladrões que vem aqui só fazer dano. E eles vão sentir o gosto do chumbinho da minha espingarda .
_Agora que esse homem ficou louco ! - pensou a mulher apavorada.
Mas conhecia muito bem a teimosia do marido.
E não disse coisa alguma nem inquiriu mais nada.
O tempo foi passando e ela comentou com a sua mãe Dona Valquíria que tipo de loucura o seu marido andava querendo fazer...
E fez assim a coisa maios errada que uma pessoa pode fazer.
Contar a terceiros as coisas que acontecem lá em sua casa.
Dona Valquíria até que gostava do seu genro. E tinha sido a vida toda uma mulher bastante discreta.
Mas agora viúva e morando sozinha em sua casa na cidade, se sentia muito só e sem assunto...
Foi ela que não viu mal algum em contar para a sua melhor amiga o que a sua filha havia lhe falado.
Por sua vez a dona Silvia que também não era de falar muito só contou para a sua vizinha a loucura que estava planejando o compadre Manoel Ferreira .
Dona Feliciana também não era de falar muito e contou apenas para a sua irmã Jacinta.
Jacinta também não era de falatórios e só contou para a sua melhor amiga Marialva.
Marialva só contou para a sua prima Jussara.
E essa sim, era uma grandíssima duma fofoqueira.
Espalhou pra quem queria ouvir, que agora o Manoel ia pegar em armas e combater os ladrões.
E montava guarda todas as noites em sua propriedade à espera
e na surdina.
Tal informação não demorou a cair em ouvidos do Luis das
Onças através da esposa dele. Que nem imaginava nada das atividades noturnas pelo pomar dos vizinhos.
O caçador Luis das onças era um homem de ação e ao saber da decisão tomada pelo Manoel Ferreira não se intimidou nem um pouco com isso.
Ele sabia que numa guerra a melhor arma, a verdadeira arma era a informação.
Era importante o mais que tudo, conhecer os pontos fracos do inimigo para poder explorar quando fosse necessário.
Todo mundo na cidade tinha conhecimento das valentias do Manoel Ferreira. Mas sabiam também o quanto que ele morria de medo de coisa do outro mundo.
O Saci Pererê. A Mula Sem Cabeça. O Boi Tatá. O Lobisomem. O Curúm Tum-Tum...
Mas o que ele tinha um medo que se pelava mesmo era de fantasma !
E era nessa fraqueza do adversário que o Luis das Onças resolveu atacar.
Fez muito bem bolado o seu plano, na certeza que iria vingar.
Mandou vigiar muito bem os terrenos do Manoel Ferreira para saber em que época os seus figos estariam maduros.
E queria saber também todos os passos do seu vizinho
Manoel Ferreira. Depois de poucos dias descobriu afinal o que tanto queria se inteirar.
O adversário iria se esconder para vigiar, no alto de um grande pé de cumbarú de onde poderia avistar os seus preciosos figos maduros.
E de lá ia mandar chumbo nas raças dos invasores do seu quintal.
E depois disso os três fizeram muito bem bolada a sua estratégia de ação.
Mandou fazer na casa de um amigo seu que era alfaiate uma fantasia com um lençol muito branco e muito grande, era a sua roupa de fantasma.
E cada um dos três ficou com uma roupa para se fingir de assombração quando chegasse o momento.
O Luis das Onças o José das Onças e o primo Pedro Ortelino.
E logo que descobriram que os figos estavam suculentos e no ponto da colheita. Os três fantasmas foram até lá pregar o maior susto que já se teve notícia na cidade.
O pobre e inocente do Manoel Ferreira reunia toda a sua coragem .   A valentia, e montava guarda durante as suas madrugadas cuidando de seus preciosos figos.
Nessa fria madrugada quando ele estava já entediado e quase caindo de sono. 
Parecia ser uma noite bem comum.
 Com aquela pouca claridade daquela noite .
O ataque planejado pelos meliantes começou a acontecer. De algum lugar que ele não conseguia saber onde Vinham barulhos os mais diversos.
De metais se tinindo e retinindo. Tipo correntes se arrastando .  coisas que caiam e se quebravam como se uma manada de bufalos selvagens estivesse entrando em suas terras. 
E uns gritos :  Aaaaaaúú Aaaaaúúúú Aaaaaaúúú.
 Veio aquela voz tenebrosa gritando :  __ QUANDO NÓIS ÉRAMOS VIVOS !
 De um lugar diferente uma voz ainda mais potente gritou :  __  NÓIS CUMÍAMOS MUITO FIGO !
Mas uma terceira voz daquelas coisas barulhentas de uma outra direção também gritou :  __ AGORA QUE ESTAMOS MORTOS AQUI VÃO OS NOSSOS CORPOS !
 E todas aqueles vozes em coro já se aproximando dos figo começaram a gritar :  __ ALMA DA DIANTEIRA  !  PEGA O MANOEL FERREIRA !
 Do meio do seu esconderijo . O corajoso Manoel Ferreira mal enxergou aqueles três vultos enormes que vinham vindo correndo em sua direção, gritando pelo seu nome . Ele já pulou de sua árvore e correu todo se tremendo pra sua casa.
E nunca mais se pôs em espera pra cuidar de nenhum daqueles pés de fruta que ele continuou cultivando naquele local ...









      F  I  M

quarta-feira, 7 de setembro de 2016

CAUSOS : HISTORINHAS DA TIA FLORINDA


O REI   SAPO




Quando as pessoas dizem que não se deve maltratar os animais .
A gente sempre pensa que é por motivos humanitários ...
Que somos tão superiores a todos os espécimes da natureza que seria um verdadeiro sacrilégio as pessoas abusarem de sua força e de sua superioridade sobre os bichos . Que seriam apenas as pobres vítimas indefesas da má índole da humanidade .
É claro que existem os bichos bons e os bichos ruins segundo a nossa própria visão do mundo .
Por exemplo existe o movimento salvem as baleias . Salvem os golfinhos, ou então salvem os ursos pandas .
Mas ninguém jamais pensaria em concordar com movimento salvem as cascavéis , salvem os escorpiões ou salvem as baratas cascudas ...
A mesma coisa acontece com o animal conhecido popularmente como sapo .
Tidos por muitas pessoas como venenoso e odiado por muitos como sendo um bicho de mau agouro .
Ele é usado em rituais geralmente associados à bruxaria .
A verdade é que quase ninguém respeita o sapo .
Como se não fosse também uma espécie de ser vivo .
E o mais grave é que sapos também são úteis, Cumprem importante
função biológica no seu habitat .
Mas as pessoas desde as mais tenras idades já se acostumaram a maltratar os sapos .
Sem jamais parar pra pensar na sua importante função nos ecossistemas .



o convívio com outras crianças pode até ser saudável.
Mas as vezes serve apenas pra estragar o trabalho de anos de dedicação e educação dada pelos pais.
Foi exatamente o que aconteceu com Marcela...
Quando o seu priminho lucas veio morar num bairro próximo.
Aquele menino era simplesmente terrível!
Briguento, respondão . E barulhento em !
Não parava um segundo quieto. E destruía tudo o que ele via pela frente.
E com que prazer que ele perseguia e maltratava os pobres dos animais. Pegava pra jogar nas pessoas.
Brincava com eles ou simplesmente os torturava e matava como um verdadeiro monstrinho.
Mas espere aí ! Que atire a primeira pedra, alguém que jamais fez artes quando era criança !
É, tem razão... Lucas não era nada de anormal era apenas danado como o era toda e qualquer criança...
A grande verdade é que ele era apaixonado por Marcela.
Aqueles dois se entendiam ! Brincavam por horas e horas e horas e jamais se viu os dois brigarem.
Conversavam sobre todas as coisas.
Como se fossem gente grande.
Mas Lucas acabou por ensinar a Marcela a bagunçar com animais.
Ele ensinou que todo mundo tem medo e nojo dos animais, mas que eles são indefesos. Na sua grande maioria eram totalmente inofensivos
Ela então passou a fazer as mesmas artes do seu primo com tanta perfeição quanto o próprio Lucas.
Pegava agora baratas, ratos e gafanhotos pra jogar nas pessoas. Torturava lagartas e taturanas espetando-as com espinhos.
Mas tomava brocas da sua mãe sempre que fazia essas artes e molecagens.
Mas havia um animal que marcela sempre teve medo. Que talvez pela feiura ou pelo aspecto repugnante, nunca lhe havia sido simpático...
O SAPO! Esse animal Marcela jamais suportou !
E também não entendia como Lucas podia brincar com eles.
Realmente o Lucas adorava.
Soltava-os na água. Assustava as pessoas com eles.
Era um inferno !
Dona ângela falava irritada : _ Lucas vai largar esse sapo menino ! Deixe de ser porco!
Mas aquele garoto não ouvia. Nunca ouvia.
Tava sempre fazendo artes. Dando trabalho.
Apesar das broncas e conselhos da mãe.
De tanto que sua mãe tinha advertido aquele menino até Marcela já sabia que não se devia brincar nem maltratar os sapos.
Bicho aliás que ela nunca parava de ter muito medo.
Lucas por seu lado era alguém que nada temia. Não havia o que o assustasse.
E tentava passar a Marcela toda essa confiança.
E enfim aos poucos ela ia perdendo o medo.
Ao menos não fugia mais desesperada toda vez que via um sapo.
Já os espantava, ou os enxotava corajosamente quando estava bem armada de uma vassoura...
Mas teve uma certa ocasião em que a menina cismou de expulsar um insistente sapo cururu que resistia em ir embora.
Esse pareceu ser um daqueles que sempre apareciam em sua casa.
Porém quando Marcela quis espantá-lo ela ouviu que ele cantava : _ Croak Croak! Eu sou Rei Sapo ! Croak Croak ! Eu daqui, não saio !
E a menina falava : _ Xôooo ! Vai embora sapo ! Que bicho mais chato !
E tres vezes ela tentava expulsar o animal e ele assim respondia: _ Croak Croak ! Eu não sou chato ! Croak croak ! Eu sou o rei sapo ! Croak croak ! Eu daqui não saio.
Daí ela pegava e empurrava o anfíbio até pra fora do quintal. Usando a vassoura.
E quando era assim, pouco depois ele já havia sumido.
Sem que ninguém soubesse pra onde tinha ido.
Dessa forma foi que aconteceu no primeiro dia, quando o sapo apareceu.
No segundo dia o mais três vezes apareceu o sapo conversando. E ela tentou enxotar de sua casa novamente. Com a mesma vassoura da outra vez.
Dizia ela : _ xôoooo Vai embora sapo ! Que bicho mais chato !
_ Croak croak ! Eu não sou chato. Croak croak ! Eu sou o Rei Sapo ! Croak Croak ! Eu daqui não saio !
No terceiro dia lá estava novamente aquele sapo enrugoso e tão feio, já tinha se tornado mai do que in conveniente naquela casa.
Estava lá outra vez quando a menina veio e o enxotou valentemente para o quintal.
_ Xôoooooo ! Vai embora sapo ! Que bicho mais chato.
_ Croak Croak ! Eu não sou chato ! Croak Croak ! Eu sou o Rei Sapo ! Croak Croak ! Eu daqui não saio.
Mas como em geral criança nem pensa no que faz, a menina pegou num pedaço de pau e danou a surrar esse sapo. Ou Rei sapo como ele costumava dizer.
Bateu nele uma vez, bateu e bateu.
E como todo mundo está acostumado a ver, os sapos se enchem de ar e parece que crescem de tamanho.
Só que este mestre sapo que era encantado. Era encantado não só porque falava.
Era encantado também porque quando começou a se inflar parecia que não ia parar mais.
Foi ficando maior e maior. Crescendo e se estufando todo. Até que logo já estava maior do que a criança.
Vendo aquilo tudo a menina ficou foi muito
assustada.
E como toda criança quando se sente com medo, ela correu em busca da proteção de sua mamãe.
Nessa hora ela estava la nos fundos do quintal lavando roupas e ao ver sua filhinha naquele desespero todo perguntou :
_ O que houve minha filha. O que foi ?
_ Me esconde mãe ! Socorro ele está vindo atrás de mim ! Me salve .
Sem entender direito o que estava se passando. A dona teve a ideia de tampar a menina com uma grande bacia que estivera usando ali perto.
E mal acabou de esconder a garota, lá vinha aquele bichão todo enfezado. Andando aos pulos .
A palavra monstro depende muito da perspectiva de quem olha.
Porque pra uma formiguinha um sapo normal seria um monstrão devorador. Enquanto que pra uma pessoa ele não passaria de um bichinho.
Acontece que este Rei Sapo estava maior do que um touro. Qualquer um se assustaria vendo aquilo e chamaria esse bicho de monstro.
E achava que tinha que encontrar a menina...
_ Croak Croak ! Onde está menina que bateu no sapo – perguntou ele com uma voz gravíssima e estranha.
_ Menina foi embora se perdeu no mato ! Disse a mãe aflita, mentindo para salvar a filha.
_ Croak Croak ! Onde está menina que bateu no sapo ? - perguntou o sapão de novo para a mulher.
_ Menina fugiu, foi se esconder no quarto !
Mentiu novamente a mulher para o sapo
_ Croak Croak ! Onde está menina que bateu n o sapo ? - perguntava outra vez o rei sapo para ela.
_ Menina foi pra casa 1! Mora em outro bairro !
- A mulher mentindo cantou para o Rei Sapo pela terceira vez.
E ainda aquele sapão parecia não estar se convencendo...
Depois de olhar muito desconfiado para a pobre mulher assustada.
O sapão deu um pulo e um giro completo, olhando tudo que havia à sua volta.
E então viu aquela bacia enorme ali parada.
E nessa mesma hora a menina soltou um espirro. Fazendo um barulho muito bem escutável lá de seu esconderijo.
O sapão então soube na mesma hora onde havia ficado oculta aquela menina.
E se aproximou do lugar em que ela estava.
Parou e deu três lambidas na bacia .
Então virou as costas enrugosas e saiu pulando devagar e calmamente.
E enquanto se afastava o Rei Sapo se encolhia.
Logo entrou pra dentro do mato e desaparecia.
A mãe preocupada correu lá e tirou aquela baciona de cima da criança.
Mas a menina estava morta lá embaixo.
Dura, pretinha e cheia de formigas...



         F   I   M








domingo, 4 de setembro de 2016

OS DISCOS VOADORES




Eu estava parado em frente de casa, em cima da calçada da casa ao lado.
E reparei que havia no céu uma estranha cintilancia multicor .
Que lembrava bastante as imagens da aurora boreal …
Era tremendamente colorida e parecia ondular como uma bandeira se sacudindo ao sabor do vento .
Intrigado com aquilo, eu fui caminhando ate a esquina da minha rua .
Como que a andar na direção da direção do estranho fenômeno .
No começo tudo parecia se resumir a um estranho aspecto do céu .
Mas logo eu percebi um tipo de halo luminoso iridescente com o nítido formato alongado.
Próprio daqueles tanques de gasolina que costumam ter nos caminhões.
Principalmente as carretas de carga .
A aparência daquela coisa era semimaterial . Mudava o tempo todo de cor .
Quase como se fosse uma enorme bolha de sabão feita em formato cilíndrico .
E suas cores variavam muito pulsando muito em tons de amarelo, laranjado fosforescentes . Rosa claro , vermelho , metal branco prateado. Azul clarinho e até o violeta suave .
Todo o objeto parecia ter saído de um ingênuo conto de fadas .
Devia ter um tamanho de um metro e meio ou dois de comprimento .
Com meio metro de largura . Com as pontas arredondadas , o formato geral do objeto era muito parecido com aquelas capsulas gelatinosas de remédio .
Aquelas que a gente compra na farmácia .
E todo o corpo do objeto parecia brilhar como se estivesse pulsando de dentro para fora . Era um magico jogo de luzes e cores , simplesmente maravilhoso .
E aquelas evoluções que ele fazia … Tornavam no ainda mais inacreditável aos olhos .
Ele rodava em círculos , parecendo estar tentando pegar a própria cauda.
Ao ponto de fazer aparecer quase uma roda luminosa certinha no céu .
Logo depois começou a saltar e cair em cada uma das duas pontas. Como uma ginasta em uma olimpíada .
De modo totalmente inusitado .
Seu movimento transmitia uma estranha sensação de alegria pra mim.
E me dava a impressão de uma criancinha brincando num parquinho totalmente eufórica.
Desenvolvendo uma velocidade incrível que algo da terra nunca vai poder fazer . O cilindro voador se deslocou de um ponto muito afastado no oeste. Ate quase desaparecer na direção do nordeste .
Devia ter feito todo o trajeto em no máximo dois ou três segundos.
Voltando em seguida a parar exatamente no mesmo lugar de antes .
Como se nunca tivesse deixado de estar ali .
Ele cresceu inesperadamente de um tamanho igual a uma garrafinha pequena de refrigerante . Até ficar do tamanho de um enorme caminhão pipa ou um daqueles vagão de trem ferroviário .
Para logo voltar ao tamanho de antes .
Isso foi o que me fez perceber que se tratava de um objeto enorme e sólido.
Mas não pude identificar de que tipo de material que ele devia ser feito .
Quando havia se aproximado mais de onde eu estava , o objeto cilindrico pareceu ter no mínimo meio quilometro de comprimento em seu eixo. Na posição deitado . O eixo longitudinal .
Enquanto parecia ter cento e cinquenta metros de grossura em sentido da sua altura .
Mas pra calcular estava meio difícil porque distancia menor de onde eu estava nunca chegou a ser de menos de um quilômetro e meio .
Mesmo assim eu tinha a nítida impressão de que o cilindro voador estava se mostrando especialmente pra mim .
A sensação de aumentar e diminuir de tamanho era uma ilusão ótica .
Causada pela manobra que ele fazia de se afastar e se aproximar novamente de mim.
Isso fazia ter a visão estranha de que aquele objeto yão magico estava pulsando ou que ele latejava .
Mas eram manobras tão perfeitamente executadas, que era impossível a nossa percepção de que o objeto não tinha a capacidade de crescer e encolher .
Ei parei ali extasiado assistindo as evoluções do cilindro e comecei a andar na direção dele .quase que num gesto automático sem perceber .
Seus movimentos e cores hipnóticas, junto com as emanações de simpatia.
Pareciam estar me chamando . Atraindo irresistivelmente .
Sem conseguir tirar os olhos daquele objeto para nada, com a cara pra cima que nem um louco . Eu andei da esquina da rua da minha casa ate a esquina da rua de baixo .
Ali parei novamente .
Estava olhando pra cima o tempo todo , em pé. Próximo de uma quadra de areia da pracinha .
Foi nessa hora que começaram a chegar outras pessoas atraidas pelo esmo fenômeno que eu e daquela mesma maneira .
Vinham de direções diferentes e apontavam os braços ou os seus dedos para cima. Mostrando a nave uma pras outras .
Enquanto isso, diziam palavras as mais desconexas que eu nem fiz questão de tentar entender .
Apenas me dei conta da presença delas vagamente .
Algumas vezes o cilindro deixava atrás de si um rastro luminoso no céu. Como se espalhasse algum pó de ouro ou largasse um farelo de purpurina por onde passava .
Parecia que ele ia deixando milhares de estrelinhas coloridas dos mais variados tamanhos atrás de si .
Elas ficavam paradas durante algum tempo no mesmo lugar .
Algumas piscando sete ou oito vezes antes de alguma se apagar de vez.
Começava fraquinho e ia ficando forte ate num brilho ofuscante sumir de vez . Algumas pulsavam muito mais tempo do que as outras levavam pra ficar velhas e se apagar .
Pareciam crescer e diminuir de tamanho e ate mudavam radicalmente de cor . Desde as cores mais claras ate as mais escuras do espectro .
Passavam do branco, o azul clarinho, para o violeta. Verde .
Para o vermelho até o marrom e sumiam .
Lembravam um pouco aquele rastro deixado pelo trenó do papai
Noel que se costuma ver naqueles filmes americanos .
Formavam um espetáculo fabuloso pra quem estivesse assistindo .
Com os mais belos jogos de luzes e cores que a gente já tinha visto nas nossas vidas .
Eu tinha caminhado ate a esquina da avenida Guaicurus para olhar o cilindro mais de perto . E acabei me aproximando de duas ou três pessoas que também olhavam pra ele e faziam os mais deslumbrados comentários entre si .
De onde sera que ele veio ? O que sera que ele é ? Como aquilo é bonito !
Foram algumas das frases que eu ouvi dos comentários das pessoas que se aproximavam e vinham apontando o dedo .
Mostrando aquele ovni umas pras outras .
Eu nem cheguei a conversar com nenhuma delas . Curtia meu barato .
Naqueles momentos tudo o que me importava era o cilindro e suas manobras impossíveis .
E agora, como se ele quisesse novamente nos surpreender e intrigar .
Ele começou a soltar uns pequenos objetos bem ao longe .
Na direção do museu José Antônio Pereira , pra onde ele agora tinha se deslocado e ficado la .
Parecia daqui que saiam de uma das pontas do cilindro , um pequeno grupo de seis naves . Uns objetos menores que eram ainda mais iridescentes do que ele.
Saíram voando nas mais diversas direções e tinham um certo halo colorido. Como se cada um tivesse um arco-íris ao seu redor .
Isso dava um aspecto meio fantástico a eles .
De onde eu os via. Eles pareciam pequenas bolhas luminosas de sabão .
Quando eu tinha visto pela primeira vez um halo luminoso no ufo ainda era dia . Apesar de ser um pouco escuro como um dia nublado sei la.
Já quando eu estava na avenida acabou anoitecendo sem que eu nem percebesse .
E agora os objetos pequenos faziam as suas evoluções la para os lados do museu . Já era a noite fechada .
E eu nem tinha sentido o tempo passar de tão alucinado que eu estava .
Aquelas bolhas luminosas voavam com uma incrível velocidade.
Fazendo umas curvas em ângulos retos e agudos que transgrediam todas as leis conhecidas neste planeta .
Tanto da física quanto da mecânica .
Chegavam ao absurdo de parar repentinamente e retornar ao ponto inicial várias vezes. Isso tão depressa que desenhavam riscos fantásticos marcando a sua trajetória no céu escuro …
Subiam e desciam tão rápido que mal se podia perceber que se tratavade um mesmo objeto .
Às vezes paravam imoveis no ar . Daí moviam-se lentamente um pedaço .
Depois retomavam de chofre as suas velocidades supersônicas outra e outra vez .
Um dos movimentos que mais me chamou a atenção , foi um tipo de balançar de folha seca caindo da árvore .
Aquele objeto subiu a uma altura enorme , e depois retornou fazendo um movimento pendular e abrangente.
Que lembrava uma daquelas folhas mortas que caem das árvores num outono gelado .
Achando que eu estava distante demais do palco dos acontecimentos ,
Eu resolvi caminhar até o museu pra ver mais de perto as fantásticas evoluções daqueles filhos menores do cilindro .
Que a essa altura se encontrava parado meio de lado da posição dos aparelho em forma de bolhas .
Como um pai bem orgulhoso a contemplar algum grande feito dos seus filhos .
Quando saí caminhando sozinho na direção do museu por aquela avenida
a rua me pareceu demasiadamente curta .
Mal eu comecei a andar e já me encontrava diante do nosso museu .
Quase como se eu tivesse me teleportado de onde eu estava antes ate la .
Os outros derrotinha la ficaram vendo tudo de longe .
Eu mal cheguei já percebi que era mesmo muito melhor pra ver aquela dança das naves ovnis da minha nova posição .
Os objetos que me parecera ser bolinhas, vistos agora de onde eu estava agora. Mostravam ser de formato discóide .
E deviam ter pelo menos uns quinze metros de comprimento lateral de uma ponta de asa na outra .
Mas de onde eu estava , seu tamanho aparente nunca ultrapassava um metro e meio .
E vez ou outra algum dos objetos se mudava da forma de disco para o formato oval ou totalmente redondo .
Isso acontecia devido ao ângulo de qual gente olhava a nave .
De acordo com os movimentos que executavam .
Eles tinham uns rompantes de movimentação frenética.
E depois voltavam a ficar completamente imoveis outra vez .
Deixavam tênues colinas paradas de gases luminosos.
Ou coloridas nuvens que pulsavam, mudavam de cor as vezes e brilhavam que nem as lâmpadas fluorescentes .
O cilindrão parecia ter resolvido descansar um pouco.
E só se movimentava aos poucos e bastante lentamente .
Em um momento daqueles me veio na mente o filme o segredo do abismo.
Quando um daqueles fiapos de rastros luminosos deixados pelos discos veio flutuando na minha direção .
Eu estiquei o braço para tocar a névoa e constatei assombrado que ela era feita de matéria morna e viscosa. Apesar de ser um tipo de gás .
Sem gorduras .
Me deu a impressão de geleia extradimensional .
Depois de tanto se exibirem daquela forma toda louca por um bom tempo.
Todos os objetos menores começaram a entrar novamente dentro dauele cilindro gigante.
Mas antes que todos eles entrassem , o cilindro afastou-se e foi sumindo .
Seguido de perto por dois ou três deles .
De um modo geral , iam seguindo na direção do aeroporto internacional.
Dava uma impressão tristeza vendo que eles iam de vez embora .
Eu acordei em seguida, ainda confuso e maravilhado com as imagens e os sentimentos que aquela revoada de objetos tinha me proporcionado .
Fiquei um bom tempo rememorando todos aqueles acontecimentos .
Provavelmente as imagens mais incríveis que eu já vi em toda a minha vida .
Pelo menos que eu posso me lembrar nos melhores sonhos e pensamentos que eu já tive .
A acordar eu me sentia tão leve que pensei que estava ate correndo o risco de entrar um pouco em órbita.
E sair voando, flutuando por aí como vi aqueles OVNIS que davam show de voo fazerem . . .








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